Folha de S. Paulo


Era injusto pedir que Carlos Alberto fosse tão bom técnico quanto jogador

"Quando eu levantei a taça eu pensei em todo o povo brasileiro e na alegria que todos estavam sentindo".

Cada capitão brasileiro em conquista de Copa do Mundo deixou uma marca. A de Carlos Alberto Torres foi beijar a taça pela primeira vez.

Ser o líder da seleção eleita pela revista inglesa World Soccer como a maior de todos os tempos exigia ser diferenciado. Carlos Alberto era referência por seu requinte desde que apareceu no Fluminense campeão carioca de 1964, time dirigido por Elba de Pádua Lima, o Tim.

Seu lugar era entre os deuses e transferiu-se para o Santos, de Pelé. Por seis anos seguidos jogou ao lado de Edu, Ramos Delgado, Joel Camargo, Rildo, Djalma Dias, Clodoaldo... Como Zito na primeira geração do Santos, Carlos Alberto foi amigo e líder de Pelé.

Até transferir-se para seu clube de coração, o Botafogo, por empréstimo em 1971. Voltou ao Santos, foi campeão paulista de 1973, retornou também ao Fluminense para fazer parte da Máquina bicampeã carioca de 1975 e 1976, e atuou pelo Flamengo, antes de abrir fronteiras nos Estados Unidos. Esteve no Cosmos junto com Pelé e Beckenbauer, a quem também liderou e de quem também foi amigo.

No Flamengo, iniciou a carreira de técnico e logo foi campeão brasileiro, em 1983. No ano seguinte, campeão carioca pelo Fluminense. Dirigiu o Corinthians por duas vezes, a primeira dirigindo uma seleção montada com De León, Zenon, Dunga, Serginho Chulapa. Não funcionou.

Não se podia pedir a Carlos Alberto que fosse tão bom como técnico como foi nos tempos de jogador.

Se o Brasil de 70 foi o maior time da história, o gol de Carlos Alberto foi sua mais perfeita criação coletiva.

Desde o desarme, feito por Tostão, na lateral esquerda, passando pelos dribles de Clodoaldo, antes de a bola ser lançada para Jairzinho. Na ponta esquerda, o Furacão da Copa atraiu a marcação individual de Facchetti, o lateral esquerdo italiano. Claro que o corredor para o avanço do lateral direito ficou aberto.

Se Carlos Alberto fosse um lateral comum, o gol não teria nascido. Nasceu, porque era Carlos Alberto Torres.

De todas as reverências ao grande capitão, a maior foi feita pela bola que, em conjunto com o gramado, quicou bem na hora de pegar na veia de seu pé direito.

A bola estufada na rede mexicana será eterna. O capitão Carlos Alberto Torres também.

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