Folha de S. Paulo


Cuca escalou Jean no meio porque sabia que este Palmeiras podia mais

Cristiano Andujar/AGIF
FLORIANOPOLIS â€
O volante Jean comemora gol do Palmeiras contra o Figueirense, pelo Campeonato Brasileiro

Sábado à noite, o técnico Cuca confidenciou a mudança no time. Queria Jean pelo meio, para melhorar a saída de bola. O Palmeiras é um time que, neste segundo turno, desdobra-se para recuperar a bola e rapidamente a entrega de volta. Erra o passe.

Não pode. "Quero melhorar a saída de jogo", disse o técnico do Palmeiras a um colega na concentração.

Jean não começou o jogo no lugar de Thiago Santos. O polivalente Tchê Tchê iniciou como primeiro volante e Jean pela meia esquerda. "Na base, eu sempre joguei como meia", disse Jean. "Mas não me lembro de ter marcado dois gols na mesma partida."

Se Cuca mexeu no time foi por não estar totalmente satisfeito. Sabia que este Palmeiras pode mais. Mesmo que seja difícil tirar mais de uma equipe capaz de tantos recordes.

A mudança não parecia ajudar. O Palmeiras errou um passe a cada três até os 25 minutos do primeiro tempo.

Desarmava, recuperava a bola e devolvia para o Figueirense. Mas trabalhava muito.

No segundo tempo, melhorou o índice de passes certos. Mas o Palmeiras é um time que arrisca muito e erra por causa disso.

Moisés é o maior símbolo isso. Foi o jogador com mais passes certos (29) e recorde de erros (9). Seguiu desarmando. Foram 14 recuperações de bola.

O Palmeiras do rouba e devolve é símbolo de sua ansiedade. O time não é tão alegre quanto no primeiro turno. Na mesma medida em que o rubro-negro confia, o palmeirense desconfia. É da alma dos dois clubes. O Flamengo não passou anos na fila. O Palmeiras, sim. E não ganha o Brasileirão desde 1994.

A ansiedade atrapalha, mas não a ponto de tirar desempenho. O Palmeiras de Cuca tem o melhor segundo turno da história dos pontos corridos com vinte clubes. O Flamengo da arrancada de 2009 tinha 29 pontos na 31ª rodada. O São Paulo da virada contra o Grêmio em 2008 somava 25. O Palmeiras chegou ontem a 28 pontos no segundo turno, um a mais do que o Botafogo, dois a mais do que o Flamengo.

Editoria de arte/folhapress
Campinho PVC 17.out.2016

A olho nu, o Palmeiras é pior no returno do que era nas doze primeiras rodadas do Brasileirão, quando vencia e dava espetáculo. A necessidade do título e a ansiedade dos jogadores atrapalha o show. Mas os resultados são impressionantes.

O segundo turno é melhor do que o primeiro em números. Na 12ª rodada, o Palmeiras goleou o Figueirense por 4 a 0 no Allianz Parque e tinha 25 pontos. Hoje tem 28 na segunda metade do Brasileirão.

O Corinthians do ano passado, imbatível, tinha 25 pontos.

O Brasileirão não está decidido, mas se os pontos corridos premiam o melhor em regularidade, o Palmeiras é esse time.

Campeão do primeiro turno, líder do returno, embora pressionado pelos melhores índices de seus rivais. Na 30ª rodada, o Flamengo tinha pontuação de líder em sete dos 14 Brasileiros por pontos corridos. Só estava em segundo lugar porque o Brasileirão está nivelado por cima.

Ontem, tudo ajudou. O Botafogo em festa que venceu o Atlético por 3 a 2, com gol irregular na abertura do marcador, por Bruno Silva. A atuação de Vitinho em Internacional x Flamengo.

No ano passado, Vitinho fez o gol da vitória em sete jogos do Inter. Foi responsável por 21 pontos. Na luta para escapar do rebaixamento, Vitinho já garantiu nove pontos para o Internacional.

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OSWALDO FELIZ

O desempenho melhorou e a torcida foi mais feliz na estreia de Oswaldo de Oliveira em Itaquera, contra o América-MG. É muito cedo, mas a vitória sobre o clube mineiro mantém a esperança de conquista de vaga para a Libertadores. E dá tranquilidade para o início de Oswaldo de Oliveira.

ROGÉRIO TÉCNICO

É muito incipiente e precoce a ideia de Rogério Ceni como técnico do São Paulo. Marco Aurélio Cunha nega, Leco também. Há uma pergunta no ar, se Rogério pode assumir já em janeiro. Pode até acontecer. Mas a prioridade agora é sair da zona do rebaixamento e ter um Natal feliz.


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