Folha de S. Paulo


Com mais times e mais longa, a nova Libertadores vai ficar melhor

A reunião da Conmebol hoje à tarde, em Bogotá, vai ratificar a Libertadores com 44 clubes. Só 16 participarão da primeira fase. Destes, apenas quatro avançarão para a segunda, quando haverá 32 times divididos em oito grupos. Final só em novembro.

Esqueça um pouco a discussão sobre a decisão em jogo único. Não é bom, mas pode mudar. É o menos importante. A Libertadores vai melhorar e distribuir mais dinheiro. Este é o ponto central da reforma.

O estudo da Conmebol indica que, do ponto de vista econômico, o torneio precisa ter mais clubes do Brasil, da Colômbia e do México. A crise econômica da Argentina tira poder de fogo do país. O Brasil ganhará uma vaga a mais na Libertadores e não será surpresa se o Congresso de Bogotá determinar um segundo lugar extra para um time daqui.

A Conmebol precisa mostrar trabalho, gestão moderna e apresentar isso ao mundo. É o único jeito de apagar a mancha dos últimos anos. Daí as decisões rápidas, que pegaram todos os dirigentes de surpresa e que podem servir para apressar a reforma necessária do calendário brasileiro.

Tudo vai se encaixar se a Copa do Brasil se espalhar para um pouco além do primeiro semestre. Não precisa terminar em junho. Pode decidir-se em setembro. Os Estaduais é que precisarão diminuir. Nesse ponto, o maior entrave é o Paulistão, que paga bem e tem 18 datas.

Nada pode servir de muleta para adiar a necessidade de obedecer às datas Fifa. Quando as seleções jogam, não pode ter jogo de clube por nenhuma competição. Nem Libertadores, nem Brasileirão, nem Copa do Brasil, nem Estadual. É absurdo o que vai acontecer entre quarta-feira e domingo, com a 29ª rodada do Brasileirão decidindo título e rebaixamento com times desfalcados, porque a seleção joga. A culpa não é da seleção.

As próximas semanas serão um cabo de guerra, um estica e puxa do calendário para tentar adaptar o Brasil ao que a confederação sul-americana decidiu. "A CBF está 100% alinhada com o projeto", disse o diretor de competições Manoel Flores. Participou das reuniões na Conmebol representada por Fernando Sarney e Reinaldo Carneiro Bastos. Só que apresentou o calendário anual no dia 6 de julho e terá de alterá-lo.

Na soma de tudo, a Libertadores vai ficar melhor. Só terá uma competição rival no continente no dia em que o Brasil acordar e criar o novo Brasileirão. O torneio que lote estádios toda semana e pague melhor do que a competição continental. Nesse dia, vai ser mais difícil ainda decidir no final do ano sobre priorizar o Brasileirão ou a Libertadores.

Assim como a Inglaterra tem um campeonato cada dia mais competitivo e seus times sofrem na Champions League —só dois semifinalistas nas últimas quatro edições— os brasileiros vão sofrer se quiserem ganhar o campeonato e a Libertadores no mesmo ano. Mas para quem quer ver jogão, vai ser bom.

ESCÂNDALO NA INGLATERRA

Quando a Fifa anunciou a proibição aos direitos de terceiros em contratos de jogadores, você leu aqui que isso seria burlado e que não era só no Brasil. Clubes pequenos e médios do mundo todo recorrem aos investidores. A queda do ex-técnico da seleção inglesa, Sam Allardyce, é a prova disso.


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