Folha de S. Paulo


Visitas decisivas

O São Paulo abriu mão de ser o melhor visitante do Brasileiro ao escalar seis reservas contra o Santos. O triunfo no clássico faria o time de Bauza encostar na zona de classificação da Libertadores por causa dos pontos como visitante.

Ninguém somou mais pontos fora de casa até agora do que o Cruzeiro, que ameaçou tirar o Palmeiras da liderança pela dificuldade de Cuca em jogar distante do estádio Allianz Parque.

Nos últimos três Brasileiros, o campeão foi o time de melhor desempenho tanto em seu estádio quanto nos campos rivais.

Desta vez, o melhor visitante está estacionado no meio da tabela e o líder tem o menor número de pontos desde 2004, na 11ª rodada.

Está diferente. O que sedimenta a liderança do Palmeiras é ser o melhor mandante do Brasileiro, o único com aproveitamento total quando joga dentro de casa.

É um mistério até hoje por que faz tanta diferença jogar diante de sua torcida ou distante dela. É incrível, mas sempre foi assim.

O Santos de Pelé campeão da Libertadores de 1962, enfiou 9 x 1 no Cerro Porteño no Brasil, mas empatou por 1 x 1 em Assunção.

O Palmeiras tem como dívida repetir em suas viagens o bom desempenho doméstico. A irregularidade ainda pode ser explicada pelo trabalho de curto prazo. Não há times sólidos no país, pois não há trabalhos sedimentados. O Palmeiras é um exemplo. Lidera o Brasileirão com seu técnico no cargo há três meses "" 22 jogos "" e ainda com muitos altos e baixos.

Há um contraponto. O líder jogou mal em Belo Horizonte, em parte porque o Cruzeiro teve uma apresentação excelente. Começou a rodada em 16º lugar e era o lanterna há uma semana. Em qual campeonato do planeta, o 16º colocado é capaz de colocar o líder em apuros como fez o Cruzeiro no sábado?

Nem quando o Chelsea ocupou a 16ª colocação da Premier League...

O líder perde pontos porque os rivais são do mesmo nível.

O Cruzeiro dos nove pontos fora do estádio Mineirão teve show de Alisson sobre o lento lateral-direito Fabiano.

Cuca tentou corrigir a marcação sobre De Arrascaeta deslocando Tchê Tchê para a lateral esquerda, porque o meia uruguaio jogava na ponta direita.

A formação que dá certo em casa foi repetida no Mineirão, tentativa de manter o bom desempenho mesmo longe de sua torcida.

Nada disso resolveu. O Cruzeiro jogou bem e mereceu ganhar. Um pouco pelos problemas que o líder ainda tem. Muito porque o equilíbrio continua sendo o maior atrativo do Brasileiro.

O lanterna da semana passada pode ganhar do primeiro colocado. O Cruzeiro, campeão dois anos atrás, brigava contra o rebaixamento, e o líder atual lutou para não cair até o último jogo, há duas temporadas.

O único jeito de ser campeão brasileiro é ser ousado sempre. Daí o pecado do São Paulo, derrotado no clássico do Pacaembu. Bauza depende de Calleri para fazer gols em casa, ou passa em branco como aconteceu quinta-feira contra o Sport. Faz poucos gols como visitante, o que dificulta ganhar a taça nos pontos corridos.

A vocação tricolor é o mata-mata. Se quiser uma boa notícia, o São Paulo descobriu que Luiz Araújo pode ser um bom substituto para Kelvin na semifinal da Libertadores.

Campinho PVC

OS CAMPEÕES

A Alemanha não vence a Eurocopa há vinte anos e não jogou ainda como favorita ao título. Mas tem uma de suas velhas características: autoridade. Ganhou da Eslováquia e espera o ganhador de Itália x Espanha, hoje.

EFEITO CASA

Só três vezes o campeão da Euro foi o anfitrião e isto não acontece desde 1984. Campeã em casa pela última vez, a França contou com a ajuda da arquibancada —e de Griezmann— para vencer a Irlanda.


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