Folha de S. Paulo


Cristóvão

O Corinthians não vencia o Botafogo desde o primeiro turno de 2011. Tite já era o treinador naquela noite, mas nunca mais conseguiu o que o time de Fábio Carille fez no domingo (19) à tarde: ganhar do Botafogo. Foram sete jogos de jejum, cinco sob o comando de Tite.

Claro que é um exagero dizer que a fase pós-Tite começou com o resultado que o técnico campeão mundial não alcançava. De qualquer maneira, a herança do novo Corinthians para o início do trabalho de Cristóvão Borges é positiva. O novo treinador receberá o time na zona de classificação para a Libertadores da América.

Uma ajuda indireta de seu velho amigo, Ricardo Gomes. Cristóvão Borges foi o assistente de Ricardo até seu acidente vascular cerebral, em agosto de 2011. Assumiu seu lugar, como técnico do Vasco, na primeira rodada do segundo turno. Estava em quarto lugar. Foi vice-campeão, atrás apenas do Corinthians de Tite.

No ano seguinte, o seu Vasco jogava no mesmo sistema tático do Corinthians de Tite, o 4-2-3-1. Privilegiava a troca de passes e só não chegou à semifinal da Libertadores, porque Cássio fez uma defesa impossível frente a frente com Diego Souza. Paulinho marcou 1 x 0 de cabeça aos 43 minutos do segundo tempo e Cristóvão não pôde se tornar o que Tite virou: campeão da Libertadores.

Campinho

Não foi coincidência e ninguém vai menosprezar o time montado no Parque São Jorge em 2012, superior ao que se construiu em São Januário. Não foi só um detalhe. Mas foi...

Quatro anos depois, Cristóvão assume o lugar de Tite com a clara percepção, expressa nas redes sociais, de que não é o homem dos sonhos dos corintianos. Há seis anos, Tite também não era. Verdade que Cristóvão carrega preconceitos e pré-conceitos que Tite não carregava. Um deles, o de não ter sido campeão antes de chegar a Itaquera. Este é justo.

Mas tem uma linha de trabalho que se afina com os conceitos do Corinthians. Em 2014, terminou o primeiro turno em quinto lugar com um elenco modesto do Fluminense (veja a ilustração) e com o melhor índice de troca de passes do Brasileirão.

Ser técnico não é apenas impor suas ideias. Passa por liderar um elenco de estrelas, convencer dirigentes e torcedores de ser o homem certo no lugar certo. Tite não convencia a todos quando foi contratado em 2010 e muito menos depois de perder do Tolima em fevereiro do ano seguinte.

Cristóvão não vai receber a confiança desde sua chegada. Vai precisar do mesmo remédio oferecido a Tite, seis anos atrás: respaldo. É tão raro ter isto no futebol brasileiro quanto ver diretorias escolhendo técnicos com base em ideias, como faz o Corinthians. Normalmente, escolhem-se os escudos, nomes imponentes que protegem decisões sem convicção de dirigentes risíveis.

O Corinthians não fez isso. Sondou quatro, mas só convidou Sylvinho. O ex-lateral era uma certeza, não uma proteção. Sem ele, o Corinthians foi atrás de Cristóvão.

Não é um nome que protege a direção. Ao contrário, precisa ser protegido.

Cristóvão chega escorado apenas pela vaga momentânea na Libertadores da América. Assume em quarto lugar, como no Vasco em 2011. O Vasco foi vice. O Corinthians ficará muito menos feliz com qualquer resultado abaixo do primeiro lugar.

O LÍDER

O primeiro tempo do Palmeiras contra o Santa Cruz foi impressionante. Até fazer o gol, aos 28 minutos do primeiro tempo, asfixiou o Santa na saída de bola. E marcou em jogadas ensaiadas. "Descobrimos a jogada de lateral do Moisés no treino, por acaso", diz Cuca.

VELOZ

Ganso para Calleri. O líder de passes para gols do São Paulo no ano para o artilheiro do time neste ano. Fora de casa, a equipe comandada pelo técnico Bauza adora o contra-ataque. Os dois gols em Brasília mostraram força nessa jogada.


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