Folha de S. Paulo


Contra-ataque

Dorival Júnior insistiu e teve o Santos com 20% de acréscimo no tempo de posse de bola, nas trocas de passes, nos fundamentos do futebol moderno. Mas perdeu de longe nestes critérios estatísticos para o Audax, na decisão do Paulista. Venceu em outro: o contra-ataque.

"O ponto positivo é aumentar a troca de passes sem perder a velocidade", disse Dorival Júnior antes de entrar nas semifinais do Estadual. Pressionado pelo Audax, sofrendo bola na trave de Tchê Tchê no primeiro tempo, o Santos arrancou do campo de defesa com Vitor Bueno e a bola chegou para Ricardo Oliveira.

Dois dribles e um chute preciso. O contra-ataque deu o bicampeonato paulista para o Santos.

Apesar do crescimento da posse de bola, o bicampeão estadual tem o maior número de gols de contra-golpe. Dono do ataque mais positivo com 34 bolas nas redes, um terço nasceu em jogadas de retomada e arranque em velocidade: contra-ataque puro.

O Santos não foi o rei das estatísticas. Quase. Melhor ataque, teve o vice-artilheiro do Paulista —Ricardo Oliveira, com sete gols— e o segundo colocado em assistências —Lucas Lima, com cinco.

Ultrapassou o São Paulo em número de troféus estaduais e empatou com o Palmeiras (22). Só o Corinthians tem mais títulos em São Paulo (27). Parece sem importância para muita gente, mas não é. Não há nada que conquiste mais torcedores do que taças.

O sucesso nos contra-golpes é importante, mas também a percepção de que é possível chegar à mescla perfeita. Cadência e velocidade em momentos diferentes. Jogar com apreço à qualidade do jogo é um serviço à recuperação do Brasil do futebol.

Editoria de Arte/Folhapress
Campinhos do PVC - Edição do dia 09/05/2016 - Final do Campeonato Paulista 2016 - Santos X Audax
Campinhos do PVC

Há conquistas mais importantes do que os Estaduais. Hierarquicamente, é melhor ganhar a Libertadores, o Brasileirão ou a Copa do Brasil. Mas chegar à semifinal da Libertadores e ser eliminado agrega muito menos do que passar uma segunda-feira gritando "é campeão!" Não tem preço isto na vida de um jovem torcedor.

Ninguém comemora vice-campeonato, por mais difícil e relevante que seja o troféu.

Mais relevante ainda perceber por que se chegou pela oitava vez entre os dois primeiros do Estadual, marca que só a era Pelé proporcionou no passado. Quando se analisa a receita para conquistar sete vezes em 11 disputas. O caminho do sucesso santista sempre foi revelar bons jogadores.

Do time vencedor ontem à tarde, Gustavo Henrique, Zeca, Thiago Maia e Gabriel nasceram na Vila Belmiro. Vitor Bueno chegou com idade júnior. Em todas as conquistas desde 1955, só em 1984, 2006 e 2007 as taças vieram desacompanhadas de um bom investimento na descoberta de novos talentos.

Soberano no Campeonato Paulista, é hora de o Santos investir no retorno aos troféus nacionais e internacionais. Nos últimos dez anos, houve uma Libertadores, mas falta o troféu do Brasileirão desde 2004 e será muito difícil conquistá-lo sem Ricardo Oliveira e Lucas Lima por nove rodadas, sem Gabriel por 18 jogos, por servirem à seleção.

Ser campeão brasileiro como Robinho conseguiu e Neymar não é o que pode alavancar ainda mais o número de torcedores não apenas no Estado, mas em todo o país.

INVICTO

O Vasco foi campeão invicto pela sexta vez do Estadual do Rio, uma conquista a mais do que possui o Flamengo. É um recorde. E agora faltam seis partidas para o clube conseguir cravar a maior série sem derrotas da história cruzmaltina em todos os tempos.

25 ANOS

O América conquistou seu 16º título do Campeonato Mineiro e escancarou defeitos que o Atlético-MG tem para a disputa das quartas de final da Libertadores contra o São Paulo, já a partir de quarta-feira (11), no Morumbi. Falta a bola parar no chão. O São Paulo pode vencer.


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