Folha de S. Paulo


A vitória da bola

Santos e Audax são os dois times com maior porcentagem de posse de bola do Campeonato Paulista. Ter a bola no pé não é sinônimo de vitória, tanto que o Barcelona está fora das semifinais da Champions League. Mas no Paulista, o estilo valeu.

O Audax teve menos de 50% de controle das ações contra o Corinthians em Itaquera, mas é o time com maior porcentagem de passes no torneio. O Santos está em segundo lugar neste critério e venceu ontem o Palmeiras, de Cuca, da aposta nos contra-ataques e de uma incrível reação que deixou a lógica da bola no pé por um triz.

O Santos tem o melhor ataque do torneio e iniciou o jogo melhor. A marcação sobre Lucas Lima e Gabriel não se acertava, com Matheus Sales mais perto de Gabigol, Lucas Lima acompanhado de longe por Gabriel, o volante. Depois da parada técnica, quando Cuca alertou seu cabeça de área sobre a definição da marcação, Gabriel passou a jogar mais perto de Vitor Bueno e Lucas Lima ficou próximo de Matheus Sales.

Melhorou.

Mas o gol de Gabigol nasceu justamente de um vacilo de Matheus Sales, num contra-ataque puxado por Lucas Lima. Lembre-se de que o Santos aumentou em 20% seu tempo de posse de bola neste ano e sem perder a velocidade dos contra-ataques.

O Santos é fortíssimo e chega como favorito para a final, porque venceu o Audax, como fez o Corinthians na fase de classificação, diferente do São Paulo, do Palmeiras e do Corinthians na semifinal.

O Palmeiras mostra crescimento. Com Cuca, o time tem um jeito diferente de jogar, com mais apreço aos passes no campo de defesa e à marcação no campo de ataque. Verdade que a equipe ontem marcou apenas no campo defensivo, preocupada com a velocidade santista, que teria mais facilidade para definir a partida se a defesa verde se posicionasse mais à frente.

Mas o Palmeiras está em linha crescente e terá duas semanas para entrar forte no Brasileirão.

O Santos continua em sua trajetória. Está de novo na final do Paulista, com o mesmo estilo insinuante, de deslocamentos com a bola no pé e velocidade quando pode pegar a defesa rival desprevenida. Como aconteceu no primeiro gol contra o Palmeiras.

Editoria de arte/Folhapress

Contra o Audax será fundamental ter atenção. Fernando Diniz tem jogadores polivalentes. Nas quartas de final com o São Paulo, Tchê Tchê jogou no meio de campo. O lateral foi o marcador de Lucca contra o Corinthians. Juninho jogava como meia-esquerda semana passada e se transformou no marcador de Fágner em Itaquera, pela ponta esquerda. Bruno Paulo atacou o São Paulo e contribuiu com a marcação no sábado à noite contra o Corinthians.

Fernando Diniz faz trabalho brilhante desde 2013, mas não deve ser tratado como um milagreiro. Ano passado, esteve no Paraná Clube por 17 partidas e foi demitido por colecionar sete derrotas e três empates no período. O mérito do Audax é a capacidade de acreditar numa ideia e dar tempo para que ela se realize.

Talvez o fracasso de Fernando Diniz no Paraná Clube se tornasse sucesso se houvesse a mesma convicção.

Na decisão, o Audax não é favorito. Pela oitava vez consecutiva, o Santos vai disputar a final do Paulista. Igual à era Pelé, entre 1955 e 1962.

A ALTERAÇÃO

Cuca tirou Alecsandro que estava bem no jogo, para deixar Gabriel Jesus mais perto do gol. A ideia era que Gabriel Jesus decidisse a partida para o Palmeiras, e o atacante teve a chance para isso. Perdeu. Por isso, foi trocado por Lucas Barrios.

A REAÇÃO

Marcado pelos lados do campo, o Corinthians outra vez sofreu. Foi inferior ao Audax em boa parte da partida e perdeu nos pênaltis. A questão agora não é o Campeonato Paulista, mas como será a reação contra o Nacional do Uruguai, na quarta-feira (27).


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