Folha de S. Paulo


Libertadores, já!

Edgardo Bauza é a antítese de Juan Carlos Osório. Na sua opinião, todo time tem virtudes e defeitos. Qual o pecado que não aceita em sua equipe? "Ser desordenada", afirma.

No São Paulo, todos amavam Osório, mas os diálogos hoje em dia com jogadores são surpreendentes. A percepção é de que no ano passado o time era muito desorganizado defensivamente.

Agora, caminha para não ser mais. Não significa que vá encantar. A base do novo São Paulo é a organização defensiva.

Bauza lamenta que o primeiro jogo da Libertadores seja apenas o segundo da temporada: "Se eu pudesse, faria a estreia mais para a frente", diz. Quando o Corinthians foi eliminado pelo Tolima, em 2011, sua quarta partida da temporada foi o empate contra a equipe colombiana no Pacaembu. A sexta, a derrota em Ibagué.

O que atenua o risco é haver três semanas de treinos. Organizar um time requer tempo.

A obsessão do treinador, as bolas paradas. Na entrevista coletiva de sexta-feira, questionado sobre a razão de ter fechado o treino, Edgardo Bauza respondeu: "Gosto de privacidade para treinar situações de jogo. E bolas paradas." No primeiro tempo contra o Red Bull, em Campinas, uma cabeçada na trave e outra no gol, em uma cobrança de falta, outra de escanteio.

O segredo do treino de sexta-feira foi revelado na jogada do gol. Bauza leva cinco homens para a grande área no escanteio (veja ilustração). Alan Kardec, Thiago Mendes, Centurión, Rodrigo Caio e Ganso, no primeiro pau.

Depender disso é pouco.

O São Paulo de 2016 não tem dinheiro para grandes reforços. Não terá Ortigoza nem Buffarini, pedidos do técnico. Calleri é goleador e passará seis meses ao lado de Ganso, Alan Kardec e Michel Bastos. Ou os quatro se inspiram ou o São Paulo será um time seguro na defesa e discreto na frente.

Bauza é pragmático e inteligente. Mais do que nossa paciência costuma suportar.

Lembra ter sido campeão da Libertadores pela LDU depois de um ano e meio de trabalho. No San Lorenzo, assumiu o lugar de Juan Antonio Pizzi, que deixou o time pronto e campeão argentino. Pizzi foi seu centroavante no Rosario Central, vice-campeão da Copa Conmebol de 1998, vencida pelo Santos.

No São Paulo, vai estrear na Libertadores quarta-feira menos de um mês depois de conhecer seus jogadores. Não tem como ser igual.

Ninguém leva em conta o rival, Cesar Vallejo, terceiro colocado no Campeonato Peruano e desfalcado de seu principal jogador, o meia Cruzado, com lesão no joelho. Bauza considera o risco. Na quarta, o São Paulo será cuidadoso na defesa e cirúrgico nas jogadas ensaiadas.

A ideia é não sofrer gols em Trujilo. Se possível, vencer. Mas, principalmente, ganhar na volta, no Pacaembu, e entrar na fase de grupos com a equipe mais pronta.

Só uma vez o campeão da Libertadores jogou a primeira fase, antes dos grupos. Só o Estudiantes de 2009, que venceu o Cruzeiro na decisão. Bauza sabe como é importante para o São Paulo ganhar o troféu pela quarta vez.

Sabe também como o time de Telê Santana, nos anos 90, criou esta obsessão. Por causa de Telê, discute-se no Brasil até hoje se é melhor perder jogando bonito ou vencer jogando feito. Bauza não tem dúvida: "O melhor é vencer!"

Editoria de Arte/Folhapress
Campinho PVC 1º.fev

TÍMIDO

Perder seis jogadores titulares gera desconfiança nos próprios jogadores do Corinthians. É natural. O time contra o XV de Piracicaba, neste domingo, foi tímido e inseguro. Verdade que há mais chance de ter um time competitivo com Giovanni Augusto. Com André há mais dúvidas.

ROBINHO

A conversa em Belo Horizonte ontem era que Robinho poderia ir para o Atlético. A direção do Galo acha difícil e diz que o craque do Santos sempre aponta para todo o mercado para depois fechar com o time que o criou. Robinho está de férias. Quando sair delas, quem sabe jogue.


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