Folha de S. Paulo


O novo Corinthians

Não está bom.

E não é pela derrota contra o Atlético-MG, ontem à tarde, na Flórida. Havia muito espaço entre a defesa e o meio, mas não serve para nada avaliar o placar do primeiro jogo do ano, porque o desempenho vai ser diferente quando a bola rolar de verdade em 2016.

Mas não está bom, porque o Corinthians não começou o ano com o time com que pretende estrear na Libertadores e no Paulistão.

"Estamos trabalhando muito para fazer um time mais forte do que temos", diz o presidente Roberto de Andrade. "Acredito que até março estará tudo certo", completa.

Editoria de arte/Folhapress
arte PVC

Tanto o dirigente quanto Tite sabem que isso está longe do ideal. Março significa o meio da fase de grupos da Libertadores. Em 9 de março, o Corinthians fará sua quarta partida no torneio continental, em Assunção, contra o Cerro Porteño.

Quem for contratado e chegar depois de 17 de fevereiro só poderá estrear nas oitavas de final. Significa que a construção do novo Corinthians pode atrasar até lá.

Depois do desmanche, o Corinthians conseguiu segurar o goleiro Cássio e contratar o meia Guilherme, reforço que tem exames médicos programados para esta segunda-feira. Para quem perdeu Vagner Love, Jadson e Renato Augusto, ainda é pouco.

Renato Augusto e Jadson representaram 45% dos passes para finalizações do Corinthians no ano passado. Jadson foi o líder de assistências do Brasileirão e vice-artilheiro do Corinthians. Também foi quem mais iniciou jogadas de gols, não apenas com o penúltimo toque, mas com o passe que clareia, lá no comecinho do lance.

É estatístico.

Os números de Renato Augusto não indicam tanto sua importância para o time. Marcou menos gols do que Jadson e Vagner Love, deu menos assistências do que o ex-camisa 10. Na comparação com Guilherme, ex-Atlético-MG, sua capacidade de entender o jogo e mudar de posição era uma vantagem grande.

Guilherme começou a carreira como centroavante, recuou para ser ponta de lança, pode ser escalado pelo lado do campo, mas seu lugar ideal é entre os volantes e o centroavante. É mais ofensivo do que Renato Augusto, mas participa menos da construção do jogo.

Montar o novo time vai dar trabalho a Tite. Fazer isso com campeonatos em andamento, mais ainda.

Por enquanto, Tite ainda confia em um velho curinga. Danilo pode ser meia ou pivô, posição em que iniciou a partida de ontem contra o Atlético. Na campanha do título brasileiro de 2011, quando o treinador não confiava mais em Liédson, machucado, usou Danilo na frente. Deu certo.

Ano passado, quando Guerrero foi suspenso, na primeira fase da Libertadores, Danilo também foi escalado como centroavante.

O Corinthians ganhou do São Paulo por 2 a 0 sem Guerrero e com Danilo no ataque.

Aos 36 anos, a condição física para jogar todas as quartas e todos os domingos atrapalha. É necessário encontrar outra solução, que pode ser Luciano, quando voltar de lesão.

O desmanche corintiano levou embora quatro titulares, menos do que os seis que deixaram o Cruzeiro depois do título brasileiro de 2014. Bruno Henrique substitui Ralf, Guilherme entra no lugar de Renato Augusto e ainda falta entender quem vai chegar para os lugares de Jadson e Vagner Love –só Marlone?

Tite vai ter trabalho.

O LADO BOM

Com a chegada do volante Jean, vindo do Fluminense, o elenco do Palmeiras ganha reservas para quase todas as posições. Ou seja, muita gente importante não vai jogar. A diretoria do clube julga esse um problema menor do que não ter bons reservas. Ela tem razão.

*

O LADO RUIM

A direção palmeirense também entende que precisará estar presente para dar respaldo ao técnico Marcelo Oliveira. É consenso no futebol que, onde só jogam onze, há sempre outros onze descontentes. Se o elenco tem três por posição, podem ser 22 caras feias.


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