Folha de S. Paulo


Espinha dorsal

O São Paulo tem o maior índice de posse de bola do Campeonato Brasileiro, mas é o décimo segundo em finalizações. A Ponte Preta está em quinto em finalizações, décimo em controle da bola.

Por que alguém, em juízo perfeito, pode julgar Doriva o técnico ideal para prosseguir o trabalho de Juan Carlos Osorio?

Nem o Ituano nem o Vasco nem a Ponte Preta de Doriva tinham características semelhantes às do São Paulo. Para dar certo, vai ser preciso mudar o jeito de jogar. Trabalhar, dar tempo ao tempo.

Depois, ninguém entende por que clubes importantes oscilam nessa maratona de regularidade que é o Brasileirão.

Só quem não sobe e desce são os dois líderes. O Corinthians posicionou-se bem na defesa, foi veloz e insinuante nas subidas ao ataque e abriu oito pontos de vantagem para o segundo colocado com a goleada por 4 a 1 sobre o Atlético Paranaense. Falta só marcar a data para levantar o troféu.

Esqueça por um instante que o técnico é o mesmo desde janeiro. Analise outro fator: dos 11 titulares, dez estavam no elenco em 2014 (Vagner Love é a exceção).

No Atlético Mineiro, oito titulares foram campeões da Copa do Brasil em 2014. Faltavam Lucas Pratto, Thiago Ribeiro e Giovanni Augusto.

Há quem cobre o fim da supervalorização dos técnicos e, ao mesmo tempo, exige resultados rápidos de quem foi contratado com pompa.

O ônus de ter feito um bom trabalho no passado é ter de fazer milagre no presente.

Marcelo Oliveira é o terceiro técnico do Palmeiras em um ano e o clube contratou 25 jogadores.

Sua equipe titular entrará em campo contra o Fluminense, pela Copa do Brasil, com apenas um remanescente de um ano atrás –só o goleiro Fernando Prass!

Oswaldo de Oliveira foi exaltado nas seis vitórias logo depois da chegada. Hoje, cobram-se algumas de suas decisões erradas como razão de se afastar da Libertadores.

Oswaldo dirigiu o Flamengo em 13 partidas, pegou a equipe em 13º e está em décimo. Entre os titulares, há seis de 2014, mas veja quais: Paulo Victor, Samir, Márcio Araújo, Canteros, Éverton e Paulinho.

O time poderia estar mais pronto, sim. Mas alguns dos mais talentosos só entraram no meio da campanha: Jorge, Guerrero, Alan Patrick e Emerson Sheik.

É um dos fatores capazes de fazer entender por que o Flamengo vai bem numa rodada e mal em outras três. Quando se planta uma semente, espera-se o tempo certo para ter uma árvore.

E por que o Santos chegou tão rápido à zona da Libertadores, então?

A hipótese também tem a ver com manutenção. Em dois anos, quatro técnicos. Mas o time joga com o mesmo sistema tático e a mesma espinha dorsal há dois anos: David Braz, Gustavo Henrique, Zeca, Renato, Lucas Lima, Geuvânio e Gabriel. Não garante a vaga. Mas ajuda.

BOLA DE OURO

Ganhar na Arena da Baixada não é simples. Fazer 4 x 1, muito menos. A palavra-chave para a goleada corintiana foi transição. A rapidez para sair da área defensiva e chegar ao gol adversário ficou evidente na jogada do terceiro gol, na condução de Elias e na finalização de Renato Augusto. De novo, o camisa 8 foi o melhor em campo. Aliás, o melhor do campeonato.

Editoria de arte/Folhapress
Campinho PVC 19.out.2015.
Campinho PVC 19.out.2015.

AS SEMIFINAIS

O Santos chega às semifinais da Copa do Brasil como favorito, pela melhor espinha dorsal, pelo melhor momento e pela qualidade de seu maior talento - Lucas Lima. Do outro lado, há mais equilíbrio. Das últimas quatro finais de Copa do Brasil, o técnico Marcelo Oliveira esteve presente em três. O Palmeiras pode tirar o Fluminense. Depois é outra conversa.


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