Folha de S. Paulo


Liberdade vigiada

JAdson foi o melhor em campo e o Corinthians jogou melhor durante todo o clássico de ontem em Itaquera. Estas duas questões decidiram a partida a favor do líder do campeonato. Também é justo deixar claro que houve pênalti de Zeca em Vagner Love e o único erro pode ter sido não expulsar o lateral esquerdo do Santos.

Em vez disso, cartão vermelho para David Braz por reclamação contra o assistente.

Não estava errado.

O Corinthians foi melhor do que o Santos, porque cuidou de todas as marcações fundamentais e também fez seus principais armadores criarem.

Yago foi implacável para marcar Gabriel, e Lucas Lima morreu na marcação de Ralf e de Elias. O segundo volante da seleção sacrificou-se para ajudar a vigiar Lucas Lima, e a atuação do meia santista foi muito inferior às das últimas semanas.

No sistema tático do Corinthians, Jadson é um meia que joga quase como ponta direita. Aberto pelo lado do campo, marca os laterais e, daquela posição, parte para construir jogadas. Uma delas, antológica, aconteceu na ponta esquerda, com três dribles, antes de finalizar.

É um dos segredos do Corinthians. Como tem tempo de trabalho, cinco anos com a mesma estrutura tática, quatro com o mesmo técnico, dois anos com elenco parecido, o Corinthians entende tudo o que deve fazer. Jadson tem função tática definida e liberdade para criar jogadas.

Editoria de arte/Folhapress
Prancheta do PVC
Prancheta do PVC

Liberdade vigiada.

Da jogada de craque do primeiro tempo, voltou para sua função assim que terminou a obra de arte. O mesmo vale para Renato Augusto, que inicia o trabalho como segundo volante, chega à grande área e retorna à posição de meia-armador, centralizado.

Corinthians x Santos era um duelo de estilos. É verdade que o Santos apresenta o futebol mais bonito do segundo turno, mas não tem montagem de equipe para se sustentar contra um time mais montado, há mais tempo, no torneio que o Corinthians tem o compromisso de conquistar.

O Santos venceu em Itaquera pela Copa do Brasil e, no final da partida, a torcida corintiana gritou que ganhar o Brasileiro virou obrigação.

O Santos é mais rápido e insinuante. O Corinthians é mais sólido. O Santos é mais bonito. O Corinthians, melhor. Não é coincidência os dois líderes serem os dois únicos clubes do Brasil sem troca de técnico desde janeiro, com a mesma base de elenco, com o mesmo jeito de jogar. São times. Os outros têm bons jogadores juntos.

Por causa disso, o campeão será o Corinthians ou o Atlético-MG. Nas duas próximas rodadas, dois jogos fora de casa para cada um. Tite levará seu time a Florianópolis, contra o Figueirense, e a Campinas, para enfrentar a Ponte. O Atlético-MG goleou o Flamengo e jogará contra Joinville e Coritiba.

O APRENDIZADO

Chegou o clássico pela Libertadores, previsto nesta coluna há três semanas –só que com o vacilo do título errado; óbvio que não é Majestoso e sim Choque-Rei. Osorio ainda comete um erro grave, de quem não conhece o Brasileiro. Poupar jogadores é justo. Mas tem data e horário certo. Não pode correr o risco de perder do Avaí e deixar o Palmeiras com confiança. Com sede de acabar com o tabu incômodo, de 13 anos e 21 jogos –13 vitórias e oito empates desde 2002. O Palmeiras não terá Arouca, suspenso, mas, no período do tabu, nunca teve tanta chance de quebrá-lo.


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