Folha de S. Paulo


Os dois Corinthians

O Corinthians era agressivo em fevereiro. Na estreia na fase de grupos da Libertadores, chutou 14 vezes ao gol de Rogério Ceni, desarmou 41 vezes, aniquilou o São Paulo, mas teve só 43% de posse de bola. Errava pouco e atacava bastante, embora recuasse com o resultado consolidado, como aconteceu naquele segundo tempo —a porcentagem de bola no pé confirma.

Contra o Coritiba, o Corinthians desarmou 32 vezes, dez a mais do que o seu adversário —nove menos do que há cinco meses.

Finalizou oito vezes, seis a menos do que foi capaz no clássico contra o São Paulo em fevereiro.

Vice-líder do Brasileirão, o Corinthians mantém características da carreira recente de Tite, mesmo depois de um ano de descanso e de estudos, em busca de mais estratégias ofensivas.

Por que seu time atual não apresenta mais ousadia? Porque mudou muito desde seu retorno.

Editoria de Arte
PVC campo corinthians atlético
PVC campo corinthians atlético

No início do ano, o Corinthians finalizou 14 vezes contra o São Paulo e agrediu o rival em um clássico, porque tinha trabalhado um mês para ter capacidade de ousar. Treinou uma equipe que não existe mais depois da derrota para o Guaraní do Paraguai nas oitavas de final da Libertadores.

A posse de bola diminuiu muito no segundo tempo daquele clássico de fevereiro, mas as finalizações aumentaram naquela segunda etapa. Foram 14 no total, só cinco no primeiro tempo.

Contra o Coritiba, o time é mais homogêneo: entrega o controle do jogo para o rival sempre... na partida inteira.

Não é bom e provavelmente nem Tite gosta do que está vendo. Disse isso depois de vencer o Atlético, há nove dias.

O que mudou é evidente, embora dificilmente verificado por quem assiste a todas as partidas: quatro jogadores são diferentes. A força do ataque não é a mesma. Guerrero e Emerson agora estão no Flamengo.

O Corinthians leva poucos gols, mantém-se na disputa pelo título. Mas está se reformando em plena campanha, sofre e evidencia seus erros. Por isso, em fevereiro tentava vencer. Hoje, evita sofrer gols.

É pouco, mas se mantém em segundo lugar e na briga, com apenas nove gols sofridos em quinze rodadas.

O Atlético é diferente. Ataca sempre, mesmo quando não atua bem, como no sábado à noite contra o Figueirense. Lucas Pratto chutou duas bolas na trave, venceu por 1 a 0, gol de pênalti. Correu riscos, mas registre-se: acaba de perder o melhor jogador do time, Maicosuel.

A saída do meia pode ser decisiva e provavelmente será esquecida em dezembro, ganhando ou perdendo o campeonato. Mas o ataque do Atlético é semelhante ao do ano passado, apesar de perder também Diego Tardelli.

O duelo pela liderança continua entre o melhor ataque e a melhor defesa. Mas é mais bonito de se ver o Atlético. Também é o time com a estrutura mantida há mais tempo.

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O São Paulo não jogou bem, mas manteve sua estrutura: muita posse de bola, poucas finalizações. O time não está pronto, mas faz descobertas. É ótimo ter Centurión no ataque. Mesmo quando não vai bem, abre espaços para Pato. Para o São Paulo, é bom mantê-lo. Está mais a fim de jogo.

MASSACRE

Leandro Pereira é o artilheiro da era Marcelo Oliveira, com seis gols em nove partidas. Chama-se confiança. Antes, no ano inteiro, Leandro tinha três gols. Confiança é um dos fatores que mudaram no Palmeiras de Marcelo. O outro, a velocidade. O time sai muito mais rápido para o ataque.


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