Folha de S. Paulo


Fenômeno verde

O Palmeiras vende o ingresso mais caro do Brasil e tem a melhor média de público de qualquer clube no Brasileirão nos últimos seis anos. A teoria parece desmentir a tese de que o preço alto afasta o torcedor. Não se pode ser assim simplista, mas o fenômeno da torcida palmeirense merece atenção.

Muita!

Em 113 anos de Parque Antarctica –sim, o estádio é mais antigo do que o clube–, a maior presença aconteceu em Palmeiras 1 x 0 XV de Piracicaba, em 1976. Havia 40.283 torcedores. No novo Allianz Parque, o recorde é da primeira partida da decisão do Campeonato Paulista, contra o Santos: 39.479.

A média atual do Palmeiras no Brasileirão é de 32.571.

Nunca!

Nunca o clube teve tanta gente no estádio. O recorde do Palmeiras em Campeonatos Brasileiros é da campanha do vice-campeonato de 1978, com 31.359. Nenhuma campanha de título chegou ao nível atual.

Ah, claro, alguém vai dizer que a novidade e a beleza do novo estádio ajudam a enchê-lo. Também que o entusiasmo do torcedor carente de títulos e enfim com um time que dá esperança ajuda a aumentar a média. Os dois fatores explicam o sucesso. Mas só em parte.

Outro fator é a preferência de preço e de compra para o sócio-torcedor. Este não paga R$ 63, valor divulgado como o bilhete mais caro do futebol brasileiro.

Às 10h de terça-feira, os ingressos para Palmeiras x Santos começaram a ser vendidos pela internet, mas só para sócios com 80% ou mais de presença nos jogos. Às 14h, começou venda para quem tem mais de 60% e às 18h para quem tem mais de 40%. Sabe quanto paga quem está nesta condição e quer bilhete para o gol norte, o da velha ferradura do Parque Antarctica?

ZERO.

Têm direito a 100% de desconto os sócios que contribuem mensalmente com R$ 110. Como o clube joga pelo menos três vezes por mês no seu estádio, a divisão representa R$ 36 por ingresso –se você não quiser dizer que o preço é ZERO.

Na história do Brasileirão, o recorde de público de qualquer clube pertence ao Flamengo de 1980: 62 mil por partida. Também foi o Flamengo o último time com média superior à do Palmeiras atual: 40.035, no título de 2009.

Em São Paulo, nenhum clube possuía média de 32 mil pessoas no Brasileirão havia 22 anos, desde o Corinthians de 1993. O Palmeiras está em sétimo lugar na tabela e, quando o almoço de domingo terminar, uma multidão vestida de verde irá para o Allianz Parque. O palmeirense não tem ido para tomar sorvete, cafezinho ou aparecer no telão, coisas até possíveis durante o clássico contra o Santos.

Está em busca é de felicidade. Nunca na história do velho Parque Antarctica ou do novo Allianz Parque tanta gente esteve presente.


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