Folha de S. Paulo


Nem oito nem 80

O Corinthians estreou no Brasileiro carregando uma sequência de quatro jogos sem vitória, três deles sem fazer gol. A série sem vitórias terminou, mas a história recente não anima a ganhar por três gols de diferença do Guaraní.

Pronto! Muita gente descarta ter sido do Corinthians o melhor desempenho entre os times do Brasil neste ano. Difícil no Brasil é fazer análises sóbrias, tanto quando uma equipe joga mais do que as outras, quanto quando joga menos.

Nem o Corinthians era time de Champions League nem está eliminado da Libertadores ainda. O Corinthians jogou muito bem em fevereiro e março, mas as temporadas na América do Sul decidem-se entre julho e agosto, no torneio continental, entre outubro e dezembro, no campeonato mais importante do país.

Há quem diga que a queda de rendimento do Corinthians tem a ver com os salários atrasados.

Não é provável.

Ainda parece ser uma questão tática. Os adversários se impressionaram com a qualidade do time de Tite nos primeiros meses de 2015 e observaram suas qualidades. O Guaraní do Paraguai escalou o volante De La Cruz para marcar Fágner, o atacante Benítez para bloquear Fábio Santos.

Nos melhores jogos deste ano, a saída de bola do Corinthians sempre foi pelos dois laterais. Contra Ponte Preta, Palmeiras e Guaraní, Ralf teve de ser o desafogo, por causa da marcação nos dois lados.

Quando Ralf faz o primeiro passe, a bola chega quadrada para Jadson e Renato Augusto e até o time se assentar o adversário já está postado defensivamente. Não há espaço para as infiltrações de Elias, que decidiam as partidas.

As decisões começam agora, quando o Corinthians desce e o São Paulo sobe. "A queda do Muricy mexeu muito conosco, porque percebemos que tínhamos de nos dedicar mais", diz o volante Souza.

O raciocínio é simplista. É mais difícil explicar por que o São Paulo subiu de produção do que as razões da queda corintiana. O São Paulo continua com defeitos do início do ano: muita posse de bola, pouca velocidade, poucas finalizações.

Editoria de arte/Folhapress

Uma das características diferentes é o jogo pelos lados do campo, com Bruno e Reinaldo, mesmo sem serem os laterais dos sonhos são-paulinos.

O São Paulo continua lento e segue impreciso. Mas está mais forte e confiante pelas vitórias recentes contra Corinthians e Cruzeiro.

Contra o Flamengo, o primeiro gol, de Luis Fabiano, nasceu de uma infiltração pelo meio. Nem foi pelas laterais, ponto forte das últimas atuações.

É de se imaginar o São Paulo nas quartas de final da Libertadores e o Corinthians fora, pela dificuldade da virada contra o Guaraní, quarta-feira. Isso não significará que o Corinthians nunca foi forte neste ano nem que o São Paulo se tornou imbatível.

FALTA REPERTÓRIO

O Palmeiras empatou contra os reservas do Atlético-MG no último minuto, com gol de Rafael Marques. Não jogou bem.

A questão não é serem os reservas de Levir Culpi, mas apresentar a mesma falta de repertório do início do ano. O Palmeiras roda o jogo até chegar aos laterais e sair o cruzamento pelo alto.

O gol nasceu de um passe por baixo, dado por Kelvin, finalizado por Rafael Marques.

Falta ter mais tabela, mais opções de jogadas. O Palmeiras tem elenco, mas ainda não joga o que se espera de quem briga para voltar à Taça Libertadores.


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