Folha de S. Paulo


Heróis improváveis

Robinho participou dos dois gols do Santos no primeiro tempo da Vila Belmiro e confirmou o que já se sabia antes mesmo do início da decisão. Mesmo que esta tenha sido a passagem menos brilhante pelo seu time do coração, a conquista revelou o melhor Robinho dos últimos anos.

Melhor do que no Milan, Manchester City, Real Madrid, seleção brasileira.

A malícia não está mais presente no drible, mas no passe. Não mais na pedalada, mas ao ganhar a dividida. Como a que venceu contra Gabriel, antes de Ricardo Oliveira ganhar de Vítor Hugo e marcar o segundo gol.

No início do clássico, o Santos esperava mais do que agredia. Mas tinha o controle do jogo a cada bola retomada na intermediária. Foi um erro de Oswaldo de Oliveira começar a decisão sem Cleiton Xavier. Faltava força no meio-de-campo.

Editoria de Arte/Folhapress

Com a entrada de Cleiton Xavier no segundo tempo, a vida do meio-de-campo transformou-se. A bola não saiu mais do campo de ataque do Palmeiras, ora nos pés de Valdivia, ora nos de Zé Roberto, ora nos de Cleiton.

O equilíbrio evidente da decisão fez Oswaldo de Oliveira se tornar o primeiro técnico duas vezes vice, duas vezes nos pênaltis. Ano passado, era o técnico do Santos, que ajudou a montar. Eis uma diferença. Aquele Santos que perdeu para o Ituano nos pênaltis continua, em parte, dentro da Vila Belmiro.

O mesmo sistema tático, a mesma maneira de jogar, a experiência da derrota de um ano atrás. O capricho da derrota do Palmeiras tem a ver com o vice que se reconstrói para os próximos anos. Qualquer reconstrução exige paciência para entender as derrotas.

Há dois anos, foi na perda do título estadual para o Atlético que começou a fantástica caminhada do Cruzeiro para o bi brasileiro, com o mesmo diretor, Alexandre Mattos, hoje alviverde.

Robinho foi decisivo para o Santos por participar dos dois gols, como Lucas Lima, símbolo do melhor ataque do Paulistão.

Ele vai começar o Brasileirão no Santos, junto com Ricardo Oliveira, de contrato recém-renovado. Deve ser também a situação de Marcelo Fernandes, ainda com salário de assistente, de R$ 13 mil mensais.

O Santos é o campeão dos heróis improváveis. Todos os citados e, principalmente, o goleiro Vladimir, titular pela lesão do titular Vanderlei.

Sua camisa cinza lembra o uniforme do frágil goleiro Flávio, campeão com a camisa 1 em 1978, depois da saída do titular Vítor.

Naquele ano, Flávio foi campeão falhando em um gol de Zé Sérgio na decisão. Ontem, Vladimir foi campeão interferindo em dois pênaltis.

Com estes heróis, o Santos entrará no Brasileirão com o peito estufado, candidato às primeiras colocações. Oposto do time abatido que entrou na Série A depois de perder a taça nos pênaltis.

FIM DA FILA DO VASCO

O Vasco da Gama terminou com seu jejum de títulos de 12 anos ao vencer o Botafogo, exatamente como aconteceu no campeonato de 1970 –também eram 12 anos de fila, também acabaram contra o Botafogo, com gol de Valfrido.

O técnico Doriva interferiu corretamente no time. Tirou Marcinho, nulo nos últimos jogos, escalou Dagoberto pelo meio e Rafael mais perto do atacante Gilberto. Venceu! O Vasco da Gama mereceu ser campeão e Doriva é o primeiro técnico campeão paulista e carioca em anos sucessivos.


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