Folha de S. Paulo


A receita do vencedor

Valdivia como atacante, solto, flutuava às costas de Ralf e dificultava a marcação dos zagueiros do Corinthians. Foi parecido com o que a Ponte Preta fez na semana passada. Oswaldo de Oliveira também usou o mesmo molde para fazer Rafael Marques e Dudu, abertos pelos lados, dificultarem a saída de bola dos laterais, Fagner e Fábio Santos.

O Corinthians sempre tem seus laterais como os melhores passadores de seus jogos, válvulas de escape. Marcados, obrigam Ralf, Gil e Felipe a fazerem o primeiro passe. A qualidade não é igual.

O Corinthians segue como o único time da Série A invicto em 2015. Mas precisa descobrir antídotos para os remédios usados pelos seus adversários. São quatro empates nos últimos cinco jogos.

Na vitória contra a Ponte Preta e no empate contra o Palmeiras, os rivais entenderam como enfrentar a equipe de Tite.

Dudu e Rafael Marques foram os melhores homens em campo, junto com Cleiton Xavier. Algumas tentativas de Oswaldo de Oliveira repetem-se com sucesso.

Nas finais do Campeonato Carioca de 2012, o Botafogo perdeu o jogo de ida para o Fluminense e o lateral Lucas –o mesmo do Palmeiras– foi expulso. O substituto no segundo jogo foi o volante Gabriel, exatamente como ontem.

Naquele tempo, Rafael Marques disputou dez clássicos e marcou seis gols. Neste ano, jogou três clássicos, dois deles como titular. Marcou três vezes. Oswaldo profetiza, escuta críticas e confirma os resultados. "O time está crescendo, mas a dificuldade foi ter perdido muitas peças. Em comparação com o clássico contra o Corinthians, em fevereiro, são sete jogadores diferentes e isso adia o fortalecimento da equipe", diz.

Parece loucura, mas em fevereiro o time não tinha Dudu, Arouca e Valdivia. Jogavam Tóbio, Vítor Hugo, Zé Roberto –titulares lesionados– Amaral, Alione, Maikon Leite e Leandro Pereira.

Neste caso, sete não é conta de mentiroso.

O empate faz mais do que impedir o Corinthians de igualar o placar da história do Dérbi.

Dá confiança para a finalíssima e estufa o peito do povo palmeirense, sedento por uma nova conquista, mesmo que não exista uma fila para sair.

Muita gente lembra mais do rebaixamento do que do título da Copa do Brasil, mas em 2012 o clube foi campeão de um torneio enorme.

A equipe ainda pode ser melhor, mais confiável, mais rápida na transição da defesa para o ataque, menos dependente dos cruzamentos para a grande área. Tudo isso faz parte do processo silencioso de construção da equipe.

Às vezes faz bem não chamar a atenção.

O Corinthians tentará agravar a crise do São Paulo na quarta-feira e seguirá chamando a atenção.

O risco é ter mais gente entendendo como jogar contra o último invicto entre os times da Série A.

Editoria de Arte/Folhapress

A SÉTIMA FINAL

O São Paulo até teve um jeito de jogar consistente no primeiro tempo. O losango de meio de campo, com Wesley pela direita e Hudson pela esquerda, liberava Ganso e Michel Bastos para encostarem em Pato. Mas o Santos é mais veloz e Geuvânio foi mais decisivo.

Robinho não é o que foi em 2002, quando eliminou o São Paulo nas quartas de final do Brasileirão. Mas leva o Santos à sétima final seguida, porque tem liderança. Impressionante como o Santos muda com ele em campo. O São Paulo tem de começar outro trabalho. De preferência, nas oitavas de final da Libertadores.


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