Folha de S. Paulo


Dérbi de verdade

Os palmeirenses ainda não costumam chegar ao estádio tão confiantes quanto os corintianos. Há uma mescla de alegria e aflição, de orgulho e angústia.

Mistura-se a percepção de que o novo time está se montando para jogar no estádio mais bonito do Brasil com a insegurança de quem viveu tropeços históricos contra times modestos em momentos decisivos.

Esse sentimento sai da arquibancada, invade o campo e explica por que o Palmeiras demorou tanto para fazer 1 x 0 e vencer as quartas-de-final. O ambiente ainda é uma pilha de nervos.

Taticamente, o maior problema do time é a lentidão da troca de passes. O Palmeiras tem padrão, joga com a bola a maior parte do tempo, mas as jogadas sempre iniciadas pelo volante Gabriel demoram demais para rodar de pé em pé.

O Palmeiras sempre enfrenta defesas montadas porque adia a aproximação da área adversária.

A entrada de Valdivia mudou a cara da partida deste domingo (12) por causa do talento do meia chileno, mas também pela saída de Gabriel e o recuo de Robinho para ser volante. Sem ser excepcional, Robinho foi o homem mais participativo do jogo. Não se omite nunca.

À parte Valdivia, melhor em campo por ter transformado a qualidade no ataque, o lateral Lucas fez partida excelente, sua melhor apresentação desde que chegou ao clube. Contra o Corinthians, não haverá a tensão da arquibancada pela obrigação de evitar o vexame. A derrota para o melhor time do país estará naturalmente explicada.

Mais uma razão para o clássico ser imprevisível.

No sábado, a Ponte deu aula sobre como enfrentar o time mais brilhante do Brasil deste momento. É comum os melhores passadores do Corinthians serem os laterais. Guto Ferreira jogou sem centroavante, abriu Rildo numa ponta, Biro-Biro na outra e não deixou as jogadas nascerem com Fágner e Uendel.

Escalou Josimar na sobra dos dois volantes que perseguiam Elias e Renato Augusto, os bons Fernando Bob e Bruno Silva.

Tite interferiu na partida ao adiantar Renato Augusto, deixá-lo mais próximo de Love no segundo tempo, como na jogada do gol.

Não é exato dizer que o Corinthians jogou mal. A partida do sábado (dia 11) foi muito difícil.

Também será assim o clássico contra o Palmeiras no domingo, em Itaquera, porque há tempos não se via um clássico em que o rival tivesse tanta ambição.

Não havia tanto equilíbrio nem em 2011, quando a semifinal teve Dérbi decidido por um pênalti perdido por João Vítor, depois de empate no tempo normal por 1 x 1.

Aquele Palmeiras tinha Leandro Amaro, Tinga e Luan. O atual tem Robinho, Dudu, Fernando Prass, Zé Roberto... Pode até ter Valdivia como titular.

Apesar do sofrimento e da angústia para vencer, é indiscutível que o Palmeiras melhorou.

DO OUTRO LADO

Ganso foi importantíssimo para o Santos vencer três semifinais consecutivas contra o time do São Paulo, em 2010, 2011 e 2012.

Em 2011, Muricy trocou um atacante por um zagueiro e liberou-o para ser atacante. Ganso deu a vitória por 2 x 0 do Santos sobre o São Paulo.

Com Wesley, velho parceiro, Ganso fez seu melhor jogo em meses pelo São Paulo. Foi contra o Red Bull, deveria ter sido contra o San Lorenzo, na Libertadores.

Mas pode ser melhor na Vila Belmiro, com um volante para liberá-lo da obrigação de marcar os laterais.


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