Folha de S. Paulo


Os efeitos dos clássicos

Perder duas vezes para o Corinthians em 20 dias fez o São Paulo expor sua crise. O presidente dialoga com a torcida, que critica Muricy, protegido pelo vice de futebol, Ataíde Gil Guerreiro, amparado pelo presidente.

A política estressa Muricy e os jogadores e pode ser uma das desculpas para a fragilidade técnica. O São Paulo jogou 11 vezes no ano e ganhou quase todas as sem importância. Perdeu dois clássicos para o Corinthians e empatou por 0 x 0 contra o Santos. Tem o melhor ataque do Paulistão, mas não fez nenhum gol nos três clássicos.

Notícia ruim corre rapidamente e demora muito para ir embora em tempo de campeonatos insossos e domingos sem jogos entre rivais "" como este e o próximo. Ou o São Paulo vence o San Lorenzo na quarta-feira ou a crise fica. O plano é ter Muricy no mínimo até o fim deste ano e isso se baseia no bom trabalho de 2014. Para refrescar a memória, o vice-campeão brasileiro disputou nove clássicos, venceu cinco, empatou dois e perdeu dois.

Um deles foi o único vencido pelo Palmeiras em 15 disputados na gestão Paulo Nobre.

Com paz no ambiente político, o Palmeiras demonstra mais maturidade para lidar com os resultados questionáveis. O time de Oswaldo de Oliveira disputou dez partidas oficiais neste ano. Ganhou todas, menos as que importam. Três jogos contra times da Série A e derrotas para Ponte Preta, Corinthians e Santos. Mas não há crise. "Calma!" é a palavra de ordem do diretor Alexandre Mattos, argumentando sobre o tempo necessário para deixar o novo time se formar.

Para entender a tragédia do retrospecto do Palmeiras em clássicos e perceber que a culpa não é de Oswaldo nem da gestão atual basta olhar os números. O Palmeiras não vence o Santos há nove jogos, desde 2011, retrospecto idêntico ao dos dérbis contra o Corinthians. Contra o São Paulo é um pouco melhor: duas vitórias nos últimos dez encontros.

Casos de paciência explícita, como os de Alexandre Mattos e Paulo Nobre, têm exemplos no passado. Entre abril de 1986 e junho de 1989, o Botafogo não venceu nenhum dos 27 clássicos que disputou. Quando finalmente ganhou do Flamengo por 1 x 0, acabou com a fila de 21 anos sem o título carioca.

Ninguém vai dizer que o são-paulino é feliz e não sabe, porque é evidente a necessidade de fortalecer o time atual. O São Paulo não é eliminado na fase de grupos da Libertadores desde 1987, quando o presidente era Carlos Miguel Aidar. Se contra o San Lorenzo o São Paulo não ganhar... olê, olé, olá!

E na quarta seguinte, dia 25, tem Palmeiras x São Paulo. Como o Choque-Rei será na quarta, você já entendeu que a ausência dos clássicos também terá efeito. Domingo que vem, as torcidas dos grandes paulistas vão querer saber mesmo como foi Barcelona x Real Madrid.


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