Folha de S. Paulo


O sonho de Muricy

Muricy Ramalho já foi campeão da Libertadores pelo Santos, em 2011, mas admite que seu sonho continua sendo ser campeão pelo São Paulo. "É claro que tenho, por ser o clube onde nasci", disse ele, em entrevista ao Fox Sports. A chance de realizá-lo começa na quarta-feira, em Itaquera, com um time montado como pediu.

Muricy queria um zagueiro de pé esquerdo. Demorou, mas Dória chegou. Muricy desejava um jogador de velocidade. Centurión não é um velocista e não jogará contra o Corinthians, por suspensão, mas é rápido e tem drible.

O São Paulo entende ter um time forte, mas de posse de bola. Às vezes falta velocidade. Em outras, falta o homem do drible, capaz de quebrar sistemas defensivos bem montados.
Muricy recebeu o que desejava.

Jogar em Itaquera não é simples. O São Paulo jogou lá uma vez apenas, perdeu por 3 a 2, mas esteve duas vezes à frente no marcador. Nos últimos cinco clássicos contra o Corinthians, uma vitória para cada lado, três empates. A estatística revela o equilíbrio.

Mas o medo são-paulino se espalha à medida que se lembra das derrotas em jogos decisivos. O último mata-mata vencido pelo São Paulo aconteceu em 2000, semifinal do Paulistão vencido na decisão contra o Santos, depois de eliminar o Corinthians.

De lá para cá, seis confrontos eliminatórios vencidos pelos corintianos –Copa do Brasil e Rio-SP em 2002, Paulistão em 2003, 2009 e 2013, Recopa em 2013.

As montagens dos elencos deram melhores sinais no Morumbi do que em Itaquera. O São Paulo procurava um zagueiro de pé esquerdo e um atacante veloz. Demorou, mas conseguiu ambos. Só que o time escalado para o primeiro confronto contra o Corinthians pode não ter nenhum deles –Centurión suspenso e Dória sem condição técnica ideal.

O Corinthians deu sinais melhores nos primeiros quatro jogos do que o São Paulo. Foi competitivo contra Once Caldas e Palmeiras, talvez pela exigência de jogar em alto nível nos primeiros jogos para evitar a repetição do Tolima, em 2011.

Nos dois times, falta velocidade aos titulares. O Corinthians pode corrigir isso se escalar Vágner Love de início, improvável na quarta-feira. Também se colocar Mendoza ou Malcom no segundo tempo. Com Centurión suspenso, o São Paulo só terá mais rapidez com Jonathan Cafu. Não parece pronto para ser titular na Libertadores.

O sonho de Muricy ganhar a Libertadores pelo São Paulo depende de avançar na primeira fase, num grupo com três campeões. Pode depender de um bom resultado em Itaquera. O Corinthians está mais pronto. Tite escala Elias como meia e simula o sistema tático da Alemanha campeã mundial –4-1-4-1.

Na nova função, mais à frente, Elias está jogando muito bem. Faz diferença.

Pelo menos até chegar a quarta-feira.

LOVE É PRECISO?

A canção dos Beatles ainda não foi decorada por Tite. Na volta de Manizales, ele disse querer conversar com Vágner Love. Julga que ele pode prender a bola no ataque, como Guerrero. Há uma fila entre os que treinam com Tite. E Love não estava na frente. Danilo pode ser eleito.

O LUGAR DE DÓRIA

O zagueiro canhoto que Muricy desejava não atua em alto nível há sete meses. Não foi bem na Libertadores passada, pelo Botafogo. Não jogou com Marcelo Bielsa, no Olympique. Muricy não queria Édson Silva como única opção, mas é injusto dizer que não confie nele. Dória também não é certeza quarta.


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