Folha de S. Paulo


Dez homens e um destino

Jogar duas partidas importantes em cinco dias e vencer as duas com dez homens contra onze é sinal de um time forte. Pode não ser criativo, pode não ser brilhante. Mas o Corinthians foi valente contra o Once Caldas e em sua primeira visita ao estádio do maior rival em 39 anos.

Danilo, especialmente. Não pelo gol, mas por vencer as disputas pelo alto, colocar a bola no chão, ajudar o Corinthians a encarar a casa do inimigo como se estivesse numa partida decisiva.

Tite preservou sua equipe principal, mas levou ao estádio do Palmeiras o Corinthians competitivo, composto por cinco titulares apenas.

A diferença entre seus seis reservas e os onze titulares do Palmeiras é que o elenco de Tite o conhece desde 2013. Era um time montado contra outro que precisa se estruturar. E Oswaldo ainda sofre para fazer isso no início de sua gestão.

Contra a Ponte Preta, Oswaldo escalou dois jogadores para fazer testes –João Paulo e Alan Patrick– e descobriu que ambos são inferiores aos titulares atuais, Zé Roberto e Robinho. No segundo tempo de quinta-feira, mexeu errado.

Enquanto espera Valdivia, Cleiton Xavier e Arouca, Oswaldo decidiu devolver os dois titulares ao time principal contra o Corinthians, mas se equivocou e lançou Maykon Leite como titular –Dudu ficou no banco.

A expressão de dúvida nos rostos palmeirenses na saída do estádio era de quem pensa se perder jogos importantes será sempre o seu destino. Não é. O Palmeiras precisa ter a paciência para montar uma boa equipe depois de contratar 19 novos jogadores.

A pergunta mais justa é como Oswaldo vai fazer para montar um time titular forte com opções de sobra. Não que o Palmeiras tenha hoje um elenco de craques. Mas tem jogadores suficientes para voltar a vencer clássicos e disputar títulos. É o compromisso de Oswaldo.

Ontem, a torcida do Corinthians saiu em paz com os rivais e com seu time, que se mostra competitivo apesar de ter contratado menos do que seus dois principais adversários. Saiu em paz também com a polícia, que conseguiu promover a guerra no único lugar do bairro onde havia torcida única, a rua Turiassu.

Editoria de Arte/Folhapress

Houve bombas de efeito moral para dissipar homens, mulheres e crianças. E só havia palmeirenses no lugar.

Há épocas em que sempre há certezas absolutas. Hoje, o Palmeiras precisa brigar contra o estigma de sofrer o gol e todos julgarem que não vai chegar ao empate –do goleiro ao massagista. O Corinthians mantém a convicção de que vai vencer, mesmo quando tem dez contra onze. E vence!

E quem vai ao estádio sabe que a PM não vai promover a paz. Mesmo num lugar do estádio onde há uma torcida só e nenhuma ameaça de briga.

Os palmeirenses ao menos podem ter a esperança de que Oswaldo monte um bom time a médio prazo e mude um pouco essa percepção.

LONGE DEMAIS

Michel Bastos de um lado, e Ganso do outro, no jogo de sábado, mostra a distância entre os jogadores mais inteligentes do São Paulo. No ataque, os mais talentosos têm de se aproximar. A distância entre os mais lúcidos explica por que o São Paulo sofreu mais do que precisava contra o XV.

POUCO A POUCO

Vanderlei Luxemburgo insiste e tem conseguido bom resultado com a escalação de Marcelo Cirino como atacante mais avançado no time rubro-negro. "Tenho de explorar sua força e velocidade final", diz o técnico do Flamengo. Contra o Resende, Marcelo não marcou, mas jogou bem.


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