Folha de S. Paulo


O mapa do semestre

Será no dia 19 de abril a descoberta dos dois finalistas do Paulistão. Quatro dias antes, o São Paulo estará em Montevidéu para enfrentar o Danúbio, e o Corinthians receberá o San Lorenzo, em Itaquera –claro, se eliminar o Once Caldas.

Como a provável chave de Corinthians e São Paulo terá a companhia do San Lorenzo, atual campeão da Libertadores, é legítimo imaginar que só a última rodada pode decidir os classificados. E isso acontecerá exatamente entre os mata-matas de oitavas e semifinais do Campeonato Paulista. Uma coisa pode atrapalhar a outra.

Mas, diferente do que se imagina, a Libertadores não costuma interferir no resultado do Paulistão. Nem o inverso.

Dos últimos dez campeões paulistas, cinco estavam na Libertadores e ganharam o título estadual mesmo assim.

Dos cinco campeões estaduais que compartilhavam as disputas estadual e continental, quatro chegaram pelo menos à semifinal do torneio internacional –o São Paulo de 2005 e o Santos de 2011 foram campeões, o São Paulo de 2006 foi finalista, o Santos de 2007 e 2012 foi às semifinais.

É diferente a situação no Rio de Janeiro. Dos últimos dez campeões do Estado, só o Flamengo em 2008 e 2014 estava na Libertadores. Mas não houve representante carioca em quatro dos dez últimos torneios continentais.

Mesmo que em alguns casos seja lenda a necessidade de priorizar um torneio, é bom olhar as datas e entender em que momento qual clube vai sofrer mais.

A segunda fase da Copa do Brasil tem reservadas as datas de 22 e 29 de abril, 6 e 13 de maio. Significa que Santos e Palmeiras podem precisar viajar no intervalo entre as duas finais do Paulistão.

Em 29 de abril, três dias antes da finalíssima, o Palmeiras pode ter de jogar fora de casa contra o Vitória, e o Santos contra o Maringá.

Há Estados onde a prioridade para a Libertadores é mais evidente. O Grêmio não ganha nada desde 2010 e seu último Gauchão foi conquistado no ano em que o Inter ganhou a Libertadores pela última vez.

Em Minas é diferente. O Atlético disputou as duas últimas edições do torneio continental e ganhou seu último estadual em 2013, quando o Cruzeiro concentrava-se apenas na disputa doméstica. Quando o time de Marcelo Oliveira foi eliminado pelo San Lorenzo, no ano passado, já fazia um mês da taça mineira.

Todos já têm seu mapa e basta olhar para os próximos meses para saber quando vai ser necessário o time chegar fisicamente mais firme para suportar viagens longas e adversários difíceis. É isso que forja um time campeão no primeiro semestre, mais do que a tentação de abandonar um torneio para ganhar o outro.

O mapa das conquistas dos últimos anos mostra que planejar tem sido mais importante do que priorizar.


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