Folha de S. Paulo


O negócio do ano

O diretor-executivo do Fluminense, Fernando Simoni, garante não ter tido contato com o Corinthians, nem para receber proposta por Conca, nem para autorizar Edu Gaspar a negociar com o meia argentino. No sábado, gente importante no Parque São Jorge garantia que o salário estava acertado e que o diálogo com Conca teve autorização do Flu.

O aval para conversar não parece ser verdadeiro.

O discurso do Fluminense é taxativo. Não aceitar liberar Conca e o único caminho dos interessados é pagar a multa de rescisão –cem vezes o valor do salário anual.

A outra hipótese é Conca forçar a barra para sair, o que dificilmente acontecerá agora, em janeiro. Se o caminho for esse, mais provável será quando a Unimed atrasar a parte que lhe cabe dos salários. A irritação do argentino poderá significar a chance maior de negócio, quem sabe para o início do Brasileirão.

Que o Corinthians gostaria de ter Conca, é evidente. Conversou com a Unimed, como também fizeram São Paulo e Flamengo –o único a fazer oferta ao Fluminense, na faixa de R$ 4 milhões.

Há duas razões para o desejo corintiano.

O primeiro, Conca é o jogador de melhor custo-benefício do Brasil. O Fluminense gasta mensalmente R$ 250 mil –o total do salário com o investimento da Unimed é de R$ 750 mil.

Em 2010, Conca disputou as 38 rodadas do Brasileirão e foi campeão. Voltou em 2014 e só ficou fora de um jogo, por suspensão. Disputou 37 partidas, deu dez assistências, marcou nove gols. Nem com Ganso ou Kaká, nem com Everton Ribeiro ou Ricardo Goulart, nenhum clube teve restituído de maneira tão integral cada centavo que pagou por um jogador. O Flu paga pouco e tem tudo de volta.

A outra razão para o desejo do Corinthians é ajudar na eleição de fevereiro. Esse ponto alimenta duas perguntas: Quanto é viável contratar Conca agora? E quanto é espuma eleitoral?

Os dois fatores se misturam.

O São Paulo e o Flamengo já deixaram claro que Conca não é para seus bicos. Não por enquanto, mas vão acompanhar de perto e entender se a Unimed cumprirá ou não o que prometeu ao Fluminense. Se o plano de saúde não cumprir e atrasar um, dois... três meses do que tem a pagar, será mais difícil para o Flu segurar o jogador feliz no Rio de Janeiro.

Nesse caso, o negócio que hoje é difícil pode ficar mais fácil às vésperas do Brasileirão.

Conca é o negócio do ano, para quem conseguir ficar com o jogador. E isso vale para o Fluminense, que pretende amadurecer sua geração de garotos com a companhia de Diego Cavalieri, Gum, Wagner, Conca e, se possível, Fred também.

Se não for em janeiro, vai ter muita gente querendo namorar com Conca daqui até o meio do ano. E não vai ser só Corinthians, Flamengo e São Paulo.

COMO ELE JOGARIA

Renato Augusto declarou ao "Lance!" que este será o seu ano. O tempo vai dizer, mas a carta de intenções é igual à que Raí fez no início de 1991, ano em que explodiu. Com ele, Cristian, Elias e Malcom bem, Tite pode fazer um bom time. Para a Libertadores, falta um elenco maior e homogêneo.

O MAIS DIFÍCIL

O empate do Santos na estreia da Copa São Paulo não anima. O clube vai precisar das revelações, por causa da falta de dinheiro, e a geração não tem nenhum Neymar. Mas tem jogadores do título de 2014. Diego Cardozo, Stéfano Yuri, Gabriel... Confirmado no cargo, Enderson Moreira vai ter trabalho.

Editoria de arte/Folhapress

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