Folha de S. Paulo


A era Allianz Parque

Alex deu um chapéu no zagueiro Émerson e outro no goleiro Rogério Ceni. O gol de placa foi o terceiro da vitória do Palmeiras sobre o São Paulo por 4 x 2 e valeu a liderança do Rio-SP em 2002.

Nunca mais o Palmeiras venceu o clássico no Morumbi. Ganhar hoje vale a fuga do rebaixamento. Ser líder é desejo são-paulino.

Apesar de Alex ser um dos símbolos da era Parmalat, a marca Pirelli estava estampada na camisa do Palmeiras naquela noite de 20 de março. A época mais feliz da vida de qualquer palmeirense entre 25 e 50 anos havia terminado dois anos antes.

Hoje será também a última visita do Palmeiras ao Morumbi sem que o São Paulo tenha reciprocidade. Cada turno jogado na casa tricolor significará returno no Allianz Parque.

Nestes 12 anos, o Palmeiras foi mandante de 22 clássicos em sete locais diferentes –Morumbi, São Caetano, Pacaembu, Parque Antarctica, Prudentão, Ribeirão Preto e Barueri. Ganhou dez e perdeu cinco.

O retrospecto pobre não é só contra o São Paulo. Se a era Parmalat foi mágica, a pós-Parmalat é trágica.

Depois do clássico contra o São Paulo, o Palmeiras enfrentará o Sport na inauguração do Allianz Parque, do qual é coproprietário. A cogestão Palmeiras-Parmalat durou oito anos de conflitos e sucesso. "A medida está certa", avaliza Paulo Angioni, diretor de esportes da Parmalat de 1997 a 2000.

Você é casado? Tem namorada? Se a resposta é sim, sabe que não existe vida sem desacordo. O problema é falar em divórcio a cada dois meses, como aconteceu com a parceria do estádio nos últimos dois anos.

Não será fácil, mas a arena precisa ser a plataforma de relançamento do Palmeiras como clube gigante. O Corinthians ainda não tem nenhum parceiro em Itaquera. O Allianz Parque tem oito, a cervejaria Itaipava e a rede de lanchonetes Burger King entre eles. Se somar os donos de camarotes, junta Bradesco e Itaú na lista de proprietários.

Há três meses, a Allianz reclamou ao saber que um dirigente do clube passeou pela Europa distribuindo cartão de visitas em que se dizia membro do "board" do Allianz Parque.

Sem querer, o dirigente trapalhão deu uma boa ideia.

O estádio precisa ser gerenciado como empresa e ter um conselho diretor formado por todos os sócios –Palmeiras, W. Torre, Allianz e AEG. Se o Palmeiras conseguir outro patrocinador que faça aporte financeiro suficiente, também poderá sugerir a entrada no "board".

Se é difícil conversar com a W. Torre, melhor ter mais sócios e um conceito: quanto mais forte o time, mais dinheiro todos vão ganhar. Lembre-se de que nunca foi fácil dialogar com a Parmalat.

Em vez de estrear um estádio na quarta-feira, o Palmeiras precisa inaugurar uma era. O São Paulo é favorito no clássico de hoje. Será vencedor por muitos anos se o Palmeiras não pensar diferente.


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