Folha de S. Paulo


Velozes e furiosos

O Palmeiras teve uma semana inteira de trabalho e o Santos goleou o Botafogo na quinta-feira. Saiu de campo com 5 x 0 a favor às 23h, somente dois dias antes do clássico. Isso criava uma dúvida na cabeça do técnico Enderson Moreira: Gabriel ou Leandro Damião? A pergunta sobre manter ou mudar o time brilhante da quinta-feira envolvia a parte física.

A decisão de continuar com Gabriel como atacante foi perfeita. O Santos fica muito mais rápido do que qualquer rival quando tem Gabriel, Robinho e Geuvânio juntos.

E a defesa do Palmeiras fica incrivelmente mais lenta quando escala Lúcio e Tobio na zaga.

São setes gols sofridos em seis jogos com a dupla mais escalada por Dorival Júnior, das 12 já utilizadas pelo Palmeiras no Brasileirão.

Foi só a segunda vez que Robinho e Gabriel jogaram juntos. E também a segunda escalação do trio completado por Geuvânio (veja ilustração). Juntos, os três enfrentaram o Flamengo e venceram por 1 x 0 no Maracanã, jogada genial de Geuvânio completada por Robinho com categoria. "Robinho está finalizando muito bem", diz Enderson.

Editoria de Arte/Folhapress

Ontem, o Palmeiras jogou boa partida, teve Valdivia chamando o jogo em seu pé, mas caiu na arapuca da velocidade santista com erros de Lúcio, Tóbio e Juninho, no segundo gol.

A vitória do Santos no clássico completou uma semana em que o jogo veloz e sem centroavante fixo foi vedete no Brasil. Na quinta-feira, o Atlético-MG fazia seu ataque circular com Diego Tardelli, Luan, Carlos e a atuação irrepreensível de Guilherme.

Na quinta-feira, o Santos, sem a rigidez de Leandro Damião, viu a leveza de Geuvânio e Gabriel atropelar o Botafogo por 5 x 0. É mais difícil montar um time assim, sem centroavante. Quando funciona, é bonito de se ver.

"Jogo como falso nove", disse Gabriel, antes de vencer o Botafogo, na quinta. Na verdade, ele é o centroavante. A diferença é ter muito mais mobilidade e deslocamentos do que Leandro Damião, seu colega no Santos, e do que Henrique, o adversário do Palmeiras.

Junto com Robinho e Geuvânio, o Santos passa a ter um dos ataques mais velozes do país. É difícil de marcar, assim como os quatro homens de frente de Levir Culpi no Atlético –Diego Tardelli, Guilherme, Luan e Carlos.

Era assim, com atacantes de movimentação, que jogava o São Paulo de Telê Santana, por exemplo. Em 1992, Muller e Cafu entravam em diagonal sem posições fixas, com Palhinha e Raí chegando de trás. Era lindo.

A chance é mínima de o Atlético de Diego Tardelli ganhar o Brasileirão e para o Santos a hipótese é ainda mais remota. Neste momento da temporada, com o desgaste do Cruzeiro e irregularidade do Flamengo, a chance é muito maior de Santos e Atlético serem protagonistas da reta de chegada da Copa do Brasil.

A REFERÊNCIA

Mano diminuiu a pressão com a vitória sobre o Inter. Abel terá de conviver mais um tempo com as críticas da torcida, dez dias após levar 5 x 0 da Chapecoense. Mano apostou na posse de bola e escalou Jádson. Abriu o meia pela esquerda para cuidar de Wellington Silva, deixou Petros com a responsabilidade de marcar Fabrício, o lateral esquerdo, e Renato Augusto encostando em Guerrero. Ah, o peruano. Para quem quer um centroavante daqueles, é perfeito. Sua presença na área abriu o marcador, prendeu zagueiros e fez lembrar que jogar como Santos e Atlético fazem não é o único jeito de ser feliz.


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