Folha de S. Paulo


Filhos da revolução

Mano Menezes tem uma decepção e uma explicação para o desempenho ruim do Corinthians depois de dez meses de trabalho. Julga que a transformação do elenco foi maior do que imaginava quando chegou em janeiro. Sua primeira escalação em 2014 tinha Edenílson, Paulo André, Guilherme, Romarinho, Rodriguinho e Pato.

Em vez deles, o time atual tem Luciano, Ânderson Martins, Bruno Henrique e Petros. Todos chegaram com a temporada em andamento e Malcom também virou titular.

O contraponto do Corinthians é o Atlético-MG. Há um mês, Levir Culpi preparava sua equipe para o clássico contra o Cruzeiro sem os volantes Josué, Pierre e Rafael Carioca, machucados. Improvisou Dátolo como segundo volante.

Levir não confiava nem em André nem em Jô. Escalou o ataque sem centroavante, com os pontas-de-lança Guilherme e Diego Tardelli.

Achou o time como se encontrasse na praia uma lâmpada mágica e um gênio dentro dela.

A revolução atleticana foi rápida e silenciosa. A corintiana dá passos de tartaruga. O evidente descontentamento com Mano Menezes era diferente dez dias atrás, depois das vitórias contra Atlético, Sport e Cruzeiro.

Os dois candidatos à presidência deram sinais de que o técnico poderia continuar em 2015. Hoje, sabe-se que dificilmente isso acontecerá.

A goleada para a Chapecoense, há dez dias, também provocou clima de despedida para Abel Braga, no Inter. A vitória sobre o Fluminense atenuou a crise. Abel sabe que há um ano havia conselheiros no Parque São Jorge que tratavam seu nome como ideal para o Corinthians.

Não é mais assim.

Os dois candidatos à presidência do Inter têm a mesma idéia para 2015. Manter Abel se o desgaste não for grande demais. Se for impossível manter Abel, o preferido é Tite.

O jogo Inter x Corinthians hoje à tarde tem esse ingrediente extra. Quem perder estará mais perto de rifar seu técnico e telefonar para Tite.

O técnico campeão mundial de 2012 não está procurando emprego. Nem recusando. Se o celular tocar com um projeto bom, ele topa. Quem o conhece sabe que se estiver apalavrado com o Inter não aceitará o Corinthians –e vice-versa.

Abel tem o mesmo problema de Mano Menezes. O Inter é o segundo colocado, melhor do que há um ano –estava em sétimo– e pior do que a torcida gostaria. Em 2014, Abel mudou sete titulares, goleou o Grêmio por 4 x 1 e liderou o Brasileirão por duas rodadas –desde 2009, o clube não ocupava a primeira colocação.

A reforma foi menor e o resultado melhor do que no Corinthians. Mas o desfecho é exatamente o mesmo.

Ninguém tem muita paciência com os trabalhos que não dão resultado em passe de mágica. Antes de Levir emplacar, o Atlético-MG também cogitou contratar Tite.


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