Folha de S. Paulo


A volta do ataque

O Grêmio anunciou três zagueiros e pisou no Mineirão na retranca, mas não com três zagueiros puros. Werley jogou na cola de Dagoberto. Como o atacante do Cruzeiro passa a maior parte do tempo na ponta-esquerda, Werley teve momentos de lateral direito.

Dagoberto ganhou a posição semana passada contra o Santos e dava a certeza de que a manteria com a excelente atuação contra o Grêmio. Saía da esquerda, deslocava-se pelo meio, pela direita. Por vezes, o Grêmio defendia-se com uma linha defensiva de quatro jogadores. Em outras, Werley caçava Dagoberto na faixa central do gramado.

Dagoberto era o homem do jogo até ser substituído por William e este marcar o segundo gol, o da vitória. Quem será o cara do pôster?

A resposta ficou muito mais difícil de se oferecer quando William aliviou o sufoco celeste.

O Grêmio marcou muito e contra-atacou bem. Quase marcou com Barcos duas vezes. Aos 27 min, uma bola na trave dele. Aos 29, defesa incrível de Fábio no canto esquerdo. O duelo era da defesa do Grêmio contra o ataque do Cruzeiro.

No campeonato, a vantagem é do ataque. Pela primeira vez desde 2006, o melhor ataque será campeão brasileiro.

Este campeonato mostrou que um time que busca o jogo tem mais chance de ser campeão. O vencedor pode ser o dono da melhor defesa, desde que tenha uma equipe equilibrada. Não na retranca apenas, como o Grêmio fez em grande parte da campanha.

O time de Marcelo Oliveira tem o terceiro melhor ataque da história dos pontos corridos. Perde só dos 71 gols em 33 jogos do Cruzeiro de Alex em 2003 e para os 76 gols do Santos de Robinho em 2004. Neste Brasileirão, atacar resolve. Não significa que será sempre assim.

Significa que o Cruzeiro será campeão. A pergunta sobre quando isso acontecerá também ficou mais difícil de responder.

Na quarta-feira, o Cruzeiro pode ser campeão com derrota, desde que o Criciúma vença o Atlético-PR. Se o Cruzeiro empatar e o Atlético-PR também empatar, faixa no peito. Se o Cruzeiro vencer, será campeão na quarta em qualquer hipótese.

Não é fácil ganhar do Vitória no Barradão.

O anticlímax é o título no domingo que vem, em Uberlândia, contra a Ponte Preta. Para evitá-lo, o torcedor do Cruzeiro soltou o grito de campeão ontem. Não jogará mais no Mineirão. Foi a despedida pela campanha fantástica.

O adiamento do título não foi causado pelo time reserva do São Paulo --Muricy escalou os titulares--, mas pela motivação extra dos paranaenses, também na despedida de Curitiba. A vitória tranquiliza o Atlético-PR, cinco pontos à frente do quinto colocado, o Goiás, na briga pela vaga na Libertadores.

O possível vice-campeão tem o segundo melhor ataque. Sinal de que neste ano ir à frente com força valeu muito a pena.


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