Folha de S. Paulo


Leilão de bens de Cabral deve pagar blindados da polícia

RIO DE JANEIRO - Faz dois meses que o juiz Marcelo Bretas, responsável pela Lava Jato no Rio, colocou à disposição da Secretaria de Segurança 46 veículos blindados. Por falta de dinheiro para adaptá-los às necessidades policiais, continuam fora das ruas.

Os blindados eram carros-fortes que estavam a serviço de transportadora de valores usada como "banco clandestino" por operadores do esquema de Sérgio Cabral, de acordo com delatores.
Os veículos estavam enferrujando e sendo saqueados na sede da Trans-Expert, na zona portuária. O galpão está abandonado desde que a empresa foi impedida de funcionar.

A Secretaria de Segurança pediu à Justiça que o dinheiro arrecadado com o leilão de bens do grupo de Cabral pague a adaptação e manutenção dos carros. Para 17 blindados, precisaria de R$ 2 milhões. Os demais em condições de uso seriam usados pela Secretaria de Administração Penitenciária ou cedidos à Polícia de Minas Gerais.

O banco clandestino é um dos aspectos mais espetaculares da corrupção fluminense. Por meio dele, corruptos e corruptores movimentavam grandes quantidades de dinheiro.

Padrões de segurança não eram o forte da transportadora. Em junho de 2015, na manutenção da porta de aço do cofre principal, um funcionário teria deixado o maçarico ligado, provocando incêndio que queimou mais de R$ 100 milhões, segundo advogado ouviu de um dos donos da empresa.

Emails apreendidos mostram integrantes do esquema de Cabral discutindo ressarcimento de dinheiro queimado no incêndio. Dois bancos e até a Federação de Futebol do Rio perderam dinheiro armazenado ali. Os investigadores se surpreenderam com a transformação da transportadora em depósito de milhões de reais, em razão dos riscos inerentes.
Queimar dinheiro não é metáfora na bandalheira dos anos cabralinos.


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