Folha de S. Paulo


Marqueteiro conta em delação quem pagou o pato

José Lucena/Futura Press/Folhapress
O ex-governador Sérgio Cabral deixa sede da Justiça Federal, no Rio de Janeiro, após prestar depoimento nesta segunda
O ex-governador Sérgio Cabral deixa sede da Justiça Federal, no Rio, após prestar depoimento

RIO DE JANEIRO - A campanha de Sérgio Cabral à reeleição para o governo do Rio, em 2010, galvanizou as principais forças políticas do Estado. Sabe-se agora que o ouro que a todos unia tinha origem em propina.

Cabral nem sequer soube responder quais os partidos que formavam sua coligação. Eram 16, numa sopa de letrinhas condimentada por PMDB, PT, PP, PDT, PTB e PSB, entre outros.

Cabral inventara com sucesso a candidatura de Eduardo Paes à prefeitura. Depois de sete anos como governador, de butim cheio, renunciou para que Luiz Fernando Pezão se tornasse mais conhecido e conseguisse eleger-se seu sucessor.

Resultava de marketing político bem feito tal domínio no Estado. A linha de ação era que um governante deve formar sua imagem e de seu governo durante todo o mandato, não apenas em campanhas eleitorais. Tal estratégia requer muito dinheiro.

O talento midiático por trás do grupo de Cabral cabia a Renato Pereira, antropólogo e produtor de cinema e TV, dono da agência Prole. Delatores de empreiteiras relataram pagamentos de dezenas de milhões a Pereira e sua produtora.

A Prole acaba de acertar aditivo de contrato com a prefeitura do Rio, que lhe pode gerar quase R$ 20 milhões até 2018. Em campanha, o prefeito Marcelo Crivella criticava os milhões que Paes destinara a Pereira. Pelo visto, operou-se agora algum milagre de conversão.

Além de marqueteiro de Cabral, Pezão, Paes, Pedro Paulo e Crivella, Pereira trabalhou para Aécio Neves, fez a campanha do venezuelano Henrique Capriles, chegou a palpitar no governo Dilma Rousseff e criou para a Fiesp a campanha do "Não vou pagar o pato".

Pereira deve ter sua delação premiada homologada nos próximos dias. Coerente com o slogan que concebeu, detalha que o dinheiro que alimentava o pato e seus coirmãos tinha origem em propinas e caixa dois.


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