Folha de S. Paulo


A loucura do Rio voltou

Reprodução/Globonews
Imagens mostram criminosos armados correndo pela Rocinha, os moradores também publicaram imagens dos carros atingidos durante as trocas de tiros que assustou a comunidade no domingo (17)
Imagens mostram criminosos armados correndo pela Rocinha, os moradores também publicaram imagens dos carros atingidos durante as trocas de tiros que assustou a comunidade no domingo (17)

RIO DE JANEIRO - O aumento da violência pode ser sentido por meio dos ouvidos por grande parte dos moradores da zona sul do Rio. Tiroteios haviam deixado de ser escutados por muito tempo nas vizinhanças de morros de Botafogo, Copacabana, Ipanema e Leblon. Foram retomados com força nos últimos meses. No fim de semana, houve tiroteio estrondoso na Rocinha, caminho de quem seguia para o Rock in Rio. Pelo menos duas pessoas morreram na disputa pelo monopólio da venda de droga.

O Rio convive, em média, com 14 tiroteios por dia. Provocam a morte de quatro pessoas e ferimentos em outras quatro a cada dia, se forem aceitos os dados médios obtidos pela plataforma colaborativa Fogo Cruzado.

Até 2016, a taxa de homicídios no Rio estava em 30 assassinatos para cada grupo de 100 mil habitantes –duas vezes maior do que a de São Paulo. Os dados oficiais já provaram que houve até aqui aumento de 15% nos registros de homicídios na comparação de 2017 com 2016. Crescem em velocidade ainda maior as taxas de furto e roubo.

Depois de dez anos de uma política de segurança com pontos de sucesso –como o policiamento em proximidade simbolizado pelas UPPs –, o retrocesso é evidente. Estudos mostram que, entre 2007 e 2011, houve cinco anos de melhora geral dos indicadores de segurança, em especial com a queda de um terço dos homicídios dolosos. Entre 2011 e 2016, as taxas de assassinato e roubos de carro, por exemplo, começaram a mostrar respostas menos efetivas às políticas públicas adotadas. Entraram numa espécie de efeito gangorra, com variações extremas.

Uma importante pesquisadora de segurança pública, debruçada sobre os números e ouvinte atenta, por meio das janelas de casa, de tiroteios que se seguem por três ou quatro horas, resumiu seu desapontamento: "A loucura do Rio voltou".


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