Folha de S. Paulo


A taxa de oxigênio que mata

Ellan Lustosa/Código19/Folhapress
Governador Luiz Fernando Pezão em frente ao prédio da Justiça Federal, no Rio, onde depõe como testemunha de defesa de Sérgio Cabral
O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão

RIO DE JANEIRO - O governo de Luiz Fernando Pezão (PMDB) —caracterizado por rebatizar propina como "taxa de oxigênio"— só respira por meio de aparelho. Apoios silenciosos no aparelho judiciário asseguram que o governador do Rio de Janeiro permaneça no poder.

Faz sete meses que o Tribunal Regional Eleitoral cassou o mandato de Pezão e de seu vice, Francisco Dornelles (PP), e determinou a realização de eleições diretas no Estado.

O governador se mantém no cargo porque recorreu ao próprio TRE e depois ao Tribunal Superior Eleitoral. A ação transita em Brasília desde maio, sem sinais de que vá a julgamento.

Pezão e Dornelles foram condenados sob a acusação de abuso de poder econômico e político. De acordo com o TRE, "o governo do Rio concedeu benefícios financeiros a empresas como contrapartida a posteriores doações para a campanha eleitoral".

A condenação cita penca de empreiteiras que recebeu benefícios em troca de doações. Em delação, diretor da Carioca Engenharia afirmou que foi alvo de cobrança da "taxa de oxigênio" —como era conhecida a propina exigida por funcionários da Secretaria de Obras— dentro do comitê de campanha de Pezão.

A representação aponta ainda doação a Pezão de quase R$ 7 milhões da JBS, um mês após ter recebido permissão de uso de terreno público. O padrão Joesley Batista de atuar impõe suspeição elevada à operação.

O Estado do Rio retrocedeu 20 anos em três anos de mandato de Pezão, que meteu os pés pelas mãos. A culpa maior é de seu maior aliado: Sérgio Cabral, acusado de se apropriar de mais de R$ 250 milhões em propinas.

A taxa de oxigênio da dupla Cabral-Pezão asfixiou o Rio de Janeiro. O Estado agoniza, sob a cegueira conveniente do TSE.


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