Folha de S. Paulo


G20 é termômetro de 'diplomacia fashion' entre primeiras-damas

A grande tendência de moda entre os poderosos é usar a roupa como arma política. A reunião da cúpula do G20, que começou nesta sexta-feira (7) em Hamburgo, na Alemanha, virou um desfile que, além de expor a produção de moda dos países mais poderosos do mundo, revelou ser termômetro da chamada "diplomacia fashion" de suas primeiras-damas.

No momento em que as comitivas começaram a chegar, três mulheres se destacaram.

A primeira-dama chinesa, Peng Liyuan, passou a adotar a mesma tática usada por Michelle Obama nos tempos de Casa Branca: usa grifes chinesas para levantar o moral de seu país.

Boa parte do guarda-roupa de Liyuan é do estilista Ma Ke, que desfila na semana de alta-costura de Paris, e de nomes desconhecidos como Masha Ma e Grace Chen.

Para a China, é uma injeção de publicidade. Desde o início da década, o governo chinês investe no consumo de bens de luxo –a última foi criar shoppings sem imposto para marcas– e produção local desses artigos. Etiquetas francesas e italianas de alto padrão já produzem no país.

A predileção por conterrâneos também é característica de Brigitte Macron, mulher do presidente francês. Ela usou um vestido curto e rosado da grife Louis Vuitton no passeio de barco oferecido pelo primeiro-cavalheiro Joachim Sauer, marido da chanceler alemã Angela Merkel. O marido da anfitriã, aliás, apareceu nesta sexta com gravata rosa da mesma tonalidade do blazer da mulher.

Jornais ingleses já comentam sobre as pernas bronzeadas da primeira-dama francesa e, claro, do bom gosto em escolher usar a marca principal do grupo LVMH, o mais importante para o segmento de luxo na França e dono das marcas Dior e Givenchy, outras escolhas recentes de Brigitte.

O patriotismo abundante dessas duas primeiras-damas –e de outras como Akie Abe, do Japão, e Thobeka Madiba Zuma, da África do Sul– falta em Melania Trump. Não se sabe se por ranço das grifes americanas que criticaram a eleição do marido, Donald Trump, ou se por pura falta de diplomacia, a primeira-dama dos Estados Unidos escolheu para o G20 mais um nome europeu da enorme lista de marcas não americanas que veste.

A etiqueta espanhola Delpozo assina o vestido mídi com estampa geométrica de cor elétrica usado por Melania no primeiro dia de sua estada em Hamburgo. A marca é famosa entre celebridades.

Na manhã desta sexta, Melania iria ao passeio de barco, mas, de acordo com sites alemães, um protesto anti-Trump teria impedido que ela saísse da casa onde sua família está hospedada. Se fosse ao convescote, talvez escolhesse algum modelo das marcas italianas Dolce & Gabbana ou Valentino, suas escolhas recentes para compromissos ao lado do marido.

De Marcela Temer ninguém tem notícias, mas seu marido, Michel Temer, já mostrou como gostaria de ser lembrado.

A gravata listrada que ele usou na foto oficial do G20 é quase idêntica à de Donald Trump e, assim como a escolhida por Lula em seus anos como presidente, é tingida com cores, ainda que desbotadas e sem brilho, da bandeira do Brasil.


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