Folha de S. Paulo


Grife australiana levará 12 modelos aborígenes à passarela da SPFW

A próxima edição da São Paulo Fashion Week, prevista para acontecer no final de agosto, mostrará uma coleção de alta-costura da estilista brasiliense Vanessa Moe. Radicada há 15 anos na Austrália, ela trará ao país 12 modelos aborígenes para desfilar vestidos inspirados na cultura milenar desse povo.

O "casting" da apresentação está sendo montado pela agência Terri Creative. A estilista ainda não tem a lista fechada, mas conta que duas das modelos escaladas viajarão para a semana de moda de Nova York logo após o desfile em São Paulo. "Há um novo interesse da indústria pela beleza aborígene", diz Moe.

Ela criou 12 looks feitos a partir de uma vasta pesquisa conduzida nos territórios ocupados pelas tribos que ainda habitam o país. O vermelho que colore o deserto australiano e o branco das pinturas corporais dos aborígenes, compõem a cartela de cores da coleção.

Moe afirma ter pedido autorização e buscado consultoria de várias lideranças aborígenes para poder colar estampas que remetem aos desenhos das tribos. "Tive de excluir um vestido porque o desenho que havia escolhido só era usado por homens e em cerimônias religiosas. Deve haver respeito no uso de traços culturais de um povo", afirma.

Penas, cordas e um trabalho de cestaria típica estão entre as técnicas incluídas nesse trabalho, ao qual Moe chamou de "Circles" (círculos). O nome faz referência aos diversos pontos cheios de significados que adornam
os corpos dos aborígenes.

Marcada para ocorrer na SPFW passada, em março, a apresentação teve de ser adiada por "problemas logísticos". "Mas foi até melhor, porque agora ela virou um projeto cultural", conta.

A embaixada do Brasil na Austrália ofereceu apoio e Moe já negocia com uma galeria de São Paulo a montagem de uma mostra, a ser aberta logo após o desfile, que além das roupas da coleção exibirá pinturas e imagens da cultura aborígene.

Fora do calendário
Quem não deve voltar tão cedo ao calendário da São Paulo Fashion Week é o estilista Reinaldo Lourenço, que já não havia desfilado na edição de março do evento. Nome incensado da moda brasileira, ele não se adaptou à recente mudança no calendário de desfiles e, por isso, não participará da temporada que acontece entre agosto e setembro. Aventou-se que o designer criaria uma coleção de alta-costura para a SPFW. Procurado, Lourenço negou a informação e disse que não arreda o pé da decisão de pular mais uma temporada.

Fora do calendário 2
O verão 2018 de Lourenço foi lançado no início deste mês, em desfile fora do calendário oficial e para poucos convidados no prédio da Japan House, em São Paulo. O lugar dialogava com as peças, inspiradas na cultura japonesa. Os destaques foram as estampas de flor de cerejeira, os traços da escrita kanji e os detalhes dos quimonos aplicados à coleção. O moletom de veludo agradou compradores de multimarcas. Na loja do estilista, na rua Bela Cintra, a peça custará cerca de R$ 1.000.

Palmas para o Sol
O desfile que celebra 20 anos da grife carioca Farm acontecerá no domingo (25) em estrutura armada na pedra do Arpoador. Aberta ao público, a festa tomará toda a zona sul carioca. Sete palcos foram armados, entre o Leblon e o local do desfile, para receber bandas e músicos como Marcelo Jeneci e Ava Rocha. Cada artista começará o show à medida que o cortejo for passando pelos palcos em direção à pedra. Fundadores da marca do grupo Soma, o mesmo da Animale, Marcello Bastos e Kátia Barros programam o início da apresentação para as 16h30. A ideia é aproveitar o movimento e as palminhas que os banhistas oferecem diariamente para o pôr-do-sol.

Palmas para o Sol 2
Estampas famosas da história da Farm e modelos que reverenciam o viés ensolarado da marca compõem a coleção comemorativa. No mesmo dia, a grife também lançará a gravadora Rádio Farm, dedicada a artistas independentes. A banda Flor de Sal, que tocará na apresentação no Arpoador, é o primeiro grupo sob o guarda-chuva do novo selo.

Zuzu vive
Após dois anos de idas e vindas, o Portal Zuzu Angel sairá do papel. Patrocinado pelo Itaú Cultural, a plataforma virtual será lançada na próxima quinta-feira (29) com 160 looks e mais de 500 documentos digitalizados que contam a história da estilista, morta em 1976 durante a ditadura militar. Dos conjuntos disponibilizados virtualmente, 20 giram em 360º na tela. O Instituto Zuzu Angel também planeja abrir neste ano uma exposição com a reserva técnica da Casa Zuzu Angel de Memória da Moda Brasileira, no Rio, que guarda todo o acervo da designer.


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