Se há poucos exemplos de grifes brasileiras de moda festa e casual, principais fatias do varejo, que conseguiram destaque no mercado internacional, o mesmo não se pode dizer da moda praia, primeira no ranking das exportações de vestuário com valor agregado -aquelas com um trabalho de design impressos na confecção.
As grifes VIX, Adriana Degreas e Água de Coco romperam as fronteiras dos verões trocados e da modelagem diferente da usada nas areias nacionais para expandir seus tecidos de lycra em outro paraíso tropical: a Flórida.
Destino de brasileiros em busca de liquidações, Miami é o principal destino desses empresários. A estilista Paula Hermanny abriu um ponto, o primeiro internacional, de 116m² em uma região nobre de Coral Gables, uma das cidades mais ricas da "Grande Miami".
O biquíni "levanta bumbum", fruto de uma estrutura vertical e um acabamento côncavo na parte traseira da peça, é a peça predileta das clientes, que inclui gente tão diferente quanto a socialite americana Kim Kardashian e a duquesa de Cambridge Kate Middleton.
Um conjunto completo, no mercado americano, custa cerca de US$ 350, ou mais de R$ 1.100.
As férias nos balneários americanos também atraíram a estilista Adriana Degreas, dona de marca homônima que surpreendeu no mercado internacional.
Na última terça-feira (13), a grife ganhou novo ponto em Miami, também em Coral Gables. A loja de 540 m² é uma espécie de cartão de visitas para a designer, que além dos Estados Unidos, também tem clientela fiel nos Emirados Árabes, na Arábia Saudita e no Líbano.
Os países são, ao lado da América do Norte, os maiores compradores da moda praia brasileira. Dados do setor dão conta de que, em relação a 2015, as vendas para os árabes cresceram 17% no ano passado, em plena crise do varejo interno. Caftãs e peças mais fechadas no busto e no tronco são as preferidas desses clientes.
Outra grife que saiu da zona de conforto foi a cearense Água de Coco. Na terça, uma festa na multimarcas nova-iorquina Bergdorf Goodman, em Nova York, apresentou a nova coleção da estilista Liana Thomaz que ocupará, a partir desta semana, as araras de uma loja temporária em East Hampton, no extremo leste da ilha de Long Island.
Durante todo o verão do hemisfério norte o ponto funcionará no balneário, que é destino da elite nova-iorquina nas férias. Bordados de miçangas, bodies recortados e quimonos estampados formam a linha de produtos, claramente pensada para a cliente internacional.
POUCO PANO
A relação entre o Brasil e a moda praia fez o Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio, abrir as portas para uma grande exposição sobre o biquíni nacional e suas origens.
Com curadoria da jornalista Lilian Pacce, autora do livro "O Biquíni Made In Brazil", a mostra "Yes, Nós Temos Biquíni" reúne 120 peças, entre itens de moda praia, esculturas, fotografias e pinturas que contam os 70 anos da peça criada pelo francês Louis Réard.
Na última sexta-feira (9), Lilian e o estilista Dudu Bertholini se juntaram para um "fashion mob", em plena região central do Rio, no qual convidaram pedestres a vestir sungas, maiôs e biquínis para uma performance. A ideia, segundo os organizadores, é a valorização da diversidade dos corpos.