Folha de S. Paulo


Do jeans dos Stones à 'jaqueta zodíaco', grifes resgatam ícones do estilo

Não foi apenas a grife paulista Zoomp que foi resgatada do limbo fashion. O ano de 2016 mostrou uma movimento de retomada dos estilos e das peças importantes da moda internacional, com grifes e estilistas reeditando ícones do passado.

A marca americana Ralph Lauren apresentou em outubro sua primeira coleção "Icons". Dez peças compuseram a linha, cuja ideia é expor o legado do estilista homônimo, com destaque para a famosa jaqueta safári, a calça de marinheiro e o smoking feminino.

Lauren ajustou as proporções das roupas, que fizeram sucesso nos anos 1980, e chamou o fotógrafo Steven Meisel, nome influente da fotografia de moda, para clicar a campanha da "nova" coleção.

Assim como o designer americano, o italiano Giorgio Armani também abriu o baú para lançar o que chamou de "novo normal".

Normal, para a moda, é uma palavra que pode ser substituída por "atemporal", termo em desuso numa indústria acostumada a rever tendências com a mesma velocidade com que descarta uma coleção de apenas seis meses de vida.

É a busca por atemporalidade, então, o motivo de Armani lançar as básicas blusas brancas, as jaquetas e as calças de alfaiataria cortadas em diversos moldes que fizeram sua fama, numa espécie de retorno às origens da indústria da moda, quando todos conseguiam usar a mesma roupa, quando tudo cabia e se adaptava bem ao corpo.

Tops dos anos 1980, como a checa Eva Herzigova e as inglesas Yasmin Le Bon e Stella Tennant, protagonizaram as imagens da campanha assinada por Peter Lindbergh.

Tanto Armani quanto Lauren, dois dos mais influentes e reconhecíveis estilistas do século passado, entendem o momento de estafa dos consumidores de moda com tanta "novidade". Eles sabem que as pessoas buscam histórias verdadeiras –"verdade", aliás, é tendência absoluta para a publicidade em 2017, segundo o birô inglês WGSN–, e a ascensão da moda vintage é maior prova desse sentimento.

Capitalizar com o passado é o mantra dos empresários que adquiriram marcas históricas nos primeiros anos deste século.

O italiano Diego Della Valle, dono da Tod's e que, em 2007, comprou a grife homônima de Elsa Schiaparelli (1890-1973), acaba de colocar no mercado uma versão da jaqueta zodíaco, uma das peças icônicas da estilista.

Lançada em 1938, ela é bordada com constelações e representações dos signos astrológicos, uma das obsessões da mulher que introduziu a escola surrealista na alta-costura e tornou moda os excessos de bordados e pedrarias.

A jaqueta tinha significado íntimo para a designer, que era sobrinha do astrônomo Giovanni Schiaparelli (1835-1910), um dos primeiros estudiosos da morfologia de Marte. A peça de roupa era uma homenagem ao parente.

Na esteira do revival de peças icônicas, 2017 trará uma grata surpresa aos fãs da música. A Levi's promete relançar o modelo original do jeans 505, popularizado nos anos 1970 por ter virado uniforme dos músicos Joey Ramone (1951-2001) e Mick Jagger.

Uma versão do modelo, o 505C, foi lançado em julho com elastano em sua composição. Agora, o diretor criativo da marca, Jonathan Cheung, promete colocar no mercado a versão original, com os mesmos rasgos (foram os primeiros da história do "jeanswear") e zíper.

O lançamento comemora os 50 anos do primeiro modelo, criado em 1967 e imortalizado na capa do álbum "Sticky Fingers" (1971), do grupo Rolling Stones.


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