Folha de S. Paulo


São Paulo já não é uma das cidades "mais quentes" para se investir em luxo

Apesar da festa dos consumidores e da mídia quanto à abertura de novas marcas de luxo e redes varejistas de moda no país, o estudo anual da CBRE Global Investors, um dos mais importantes e completos do varejo mundial, dá conta de que o humor dos empresários não anda lá essas coisas por aqui.

No relatório de 2014, publicado nesta semana, São Paulo saiu do ranking das 20 cidades "mais quentes" para os empresários no ano passado. Na pesquisa "How Global Is the Business of Retail?" de 2013, a capital paulista ocupava o sexto lugar, uma posição à frente de Paris, que agora está no primeiro lugar da lista.

Se em 2012 o namoro do varejo de luxo com a cidade emergente resultou em 29 novas empresas entrando no país -dado que inclui não apenas moda, mas também redes de restaurantes e cosméticos, por exemplo -, no ano passado foi a estabilidade dos "mercados maduros" que atraiu investimentos.

A capital francesa, considerada um dos maiores polos fashion do mundo segundo o site Global Language Monitor, referência para o setor, recebeu 50 novos operadores ao longo do ano, sendo 10 novas marcas de moda focadas nos cliente de luxo.

As metrópoles asiáticas Hong Kong, Tóquio, Abu Dhabi e Pequim estão logo atrás de Paris no relatório, que mapeia o movimento de 334 varejistas em 189 países.

Não por coincidência, é nessas cidades onde ocorrem os desfiles suntuosos de temporada intermediária das marcas de luxo francesas Céline, Chanel e Dior.

As coleções, chamadas de "resort" no vocabulário da moda, são responsáveis por boa parte do faturamento das grifes e nunca foram apresentadas no Brasil.

Segundo José Luís Martin, diretor da CBRE, as perspectivas econômicas da Europa Ocidental e da América do Norte, que se recuperam da crise instalada no início da década, empurraram os varejistas globais a "reorientar seus planos de expansão em mercados maduros".

"Mas também têm voltado sua atenção para a recuperação de outros lugares onde estão sub-representados, como cidades da América do Sul", diz o executivo no relatório anual.

Trocando em miúdos, os empresários continuam de olho onde não têm tanta representatividade, mantendo investimentos tímidos.

Já era possível perceber reflexos desse desestímulo com o país desde o início do ano, quando as grifes de luxo Marc Jacobs e Gant, ambas americanas, encerraram sua operação em São Paulo, que é o maior mercado de luxo brasileiro.

Os anúncios mais representativos deste ano na cidade, até agora, foram os da abertura da rede de lojas populares Forever 21 e de sua concorrente australiana Cotton On, também focada no modelo de vendas fast fashion.

A Cotton On abrirá seu primeiro ponto brasileiro no próximo mês, no shopping Center Norte, centro de compras da classe média paulistana.


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