Folha de S. Paulo


A conta chegou

RIO DE JANEIRO - Risonhos, calorosos e camaradas, Lula, Dilma, Cabral, Pezão e Paes reforçaram a imagem de bonança em incontáveis cerimônias no Rio. Crises episódicas, manifestações barulhentas e divergências eleitorais não foram suficientes para macular a alardeada união das três instâncias de governo em prol do Estado fluminense.

Foram bilhões em verbas, obras de deixar empreiteiro sorrindo e muitos frutos eleitorais. A união permitiu que o PMDB mantivesse a força regional e Cabral fosse reeleito, e elegesse seu sucessor (Pezão) e o prefeito da capital (Paes).

A economia fluminense andou bem no últimos anos, com investimentos, bons indicadores de emprego, salário e crescimento. Conseguiu-se trazer a Olimpíada para o Rio. Muito por conta dela, a capital está em transformação, atravessada por obras que precisam ser concluídas para que nem os Jogos nem seu legado fiquem comprometidos.

Em 2014, começaram a aparecer os sinais de que o governador Pezão iria deixar uma herança maldita para si próprio. O Estado do Rio terminou o ano com deficit primário de R$ 7,3 bilhões. Uma performance de dar dó.

No discurso de posse, Pezão anunciou que colocaria a mão grande na tesoura para cortes equivalentes. Aos poucos eles vão se concretizando.

O Rio sofre com a crise da indústria do petróleo, enfrenta menor repasse de royalties e queda na arrecadação do ICMS. O Estado é o terceiro mais endividado do país, atrás do Rio Grande do Sul e Minas Gerais.

A Olimpíada continua a exigir investimentos. Há preocupação. Grande parte das obras é tocada por empresas citadas na investigação da Lava Jato. Ampliam-se as pressões para investimentos em segurança, em momento chave para o resgate do projeto da atual administração.

Foram muitas promessas. Uma hora a conta iria chegar. Não se esperava que tão antes das medalhas.


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