Folha de S. Paulo


O tamanho do governador

RIO DE JANEIRO - O novo governador do Rio iniciou seu mandato preocupado em dar passos menores do que os próprios pés. Luiz Fernando Pezão (PMDB) assinou decreto que corta algo perto de R$ 1,5 bilhão das despesas. O governador justificou que deve perder mais de R$ 4 bilhões, com redução dos repasses dos royalties do petróleo e com a arrecadação menor do ICMS numa economia com sinais de retração.

Baterá às portas do governo federal para levantar dinheiro para obras que considera prioritárias, como a expansão do metrô fluminense.

Entre seus 25 secretários, Pezão manteve 9 da gestão do antecessor e padrinho Sergio Cabral. Repetiu a forma de loteamento político com lideranças partidárias e linhagens familiares exemplares no coronelismo, clientelismo e nepotismo.

Pezão faz questão de repetir ao exagero a gratidão e fidelidade a Cabral. Assumiu o governo do Rio por quase 11 meses, após estratégica renúncia do então governador. Com alta rejeição, a calculada saída de Cabral pretendeu dar maior visibilidade ao vice e permitir a candidatura do filho Marco Antonio a deputado federal, que foi eleito, após rica campanha. O jovem Cabral assumiu a Secretaria de Esporte no período que antecede à Olimpíada do Rio.

Aos 59 anos, Pezão enfrenta seu maior desafio político e administrativo. Precisar decidir que tamanho quer ter. Os calçados de número 48 do governador parecem folgados para início de governo tão pequeno. Precisa mostrar o tamanho do passo que pretende dar daqui por diante.

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"Sou um imbecil. Mas quando vejo o que os homens inteligentes fizeram com o mundo...", anotou o cartunista Wolinski, em seu livro "Mes Aveux" (Minha Confissão).

7 de janeiro de 2015. O dia em que o mundo ficou mais imbecil do que se supunha possível.


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