Folha de S. Paulo


Mais do mesmo

RIO DE JANEIRO - O governo do Rio continuará o mesmo. Reeleito, o governador Luiz Fernando Pezão, vice de Sérgio Cabral, disse na campanha que tem muito a fazer. A (in)segurança continuará a mesma? É a maior dúvida do novo mandato.

Quase seis anos depois de instalada a primeira UPP (Unidade de Polícia Pacificadora), no morro Dona Marta, na zona sul do Rio, o projeto de pacificação, como é hoje executado, dá sinais de exaustão.

São 37 UPPs espalhadas pela capital e apenas uma na Baixada (o que ajuda a explicar o mau desempenho eleitoral de Pezão na região). Em várias, tiroteios voltaram a ser frequentes; na Mangueira, duas facções disputam o controle do tráfico como se UPP não lá houvesse; em outras, os PMs atuam em condições precárias, ficando abrigados em contêineres.

As UPPs trouxeram uma nova lógica ao combate à violência, ensaiaram a formação de uma nova polícia e provocaram uma queda nos índices de criminalidade. Mas o projeto refluiu nos últimos meses.

Como consolidar as que já foram implantadas e ao mesmo tempo levá-las a outras regiões a um custo financeiro e operacional crescente? Como aprofundar as mudanças na polícia?

A política de combate à criminalidade não pode ser só a retomada de territórios. O mais longevo secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, admite isso. Ele se tornou a cara e, para muitos, a garantia de que as conquistas não serão perdidas. Durante quase oito anos no cargo, Beltrame insistiu em que a polícia não pode tudo e é preciso investimentos estruturais nas áreas.

Pezão já prometeu obras do PAC em diversas comunidades. Mas ainda não tem certeza de que Beltrame continuará na secretaria. A solução para a ainda trágica situação de (in)segurança não pode depender de um homem –Beltrame– ou de uma sigla –UPP. Mais do mesmo é menos do que se quer e o do que se pode.


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