Folha de S. Paulo


Voto enlutado

RIO DE JANEIRO - O voo saiu da antiga capital do país, palco de tragédias políticas. Num dia de agosto, que se confirma como mês de mau agouro político. Foi quando Getúlio Vargas se suicidou em 1954, Jânio Quadros renunciou em 1961, Juscelino Kubitschek morreu em 1976.

Agosto, mês do desgosto; 13, dia do azar. Em 2005, no mesmo dia 13 de agosto, o avô Miguel Arraes morreu aos 88, já doente. A morte de Eduardo Campos, aos 49 anos, choca, muda o cenário eleitoral e representa um golpe na renovação política de que o país necessita.

No Datafolha estava em terceiro, com 8% das intenções de voto, atrás de Dilma (36%) e Aécio (20%). Não conseguia se aproximar do desempenho que Marina Silva, sua vice, tivera em 2010, com 19% dos votos. A disputa no Sudeste é crucial. Dilma e Aécio estão empatados (28% a 27%) na região. A chapa Campos/Marina tinha seu pior desempenho (6%).

Será natural se Marina virar candidata. Além do potencial próprio de votos, tornar-se-á herdeira do legado de Campos, que a abrigou com generosidade no partido que comandava quando naufragou o sonho da ex-senadora de criar a Rede.

O voto enlutado tem história. Em 1950, Salgado Filho era candidato a governador do Rio Grande do Sul. Três meses antes da eleição, o bimotor que o levava para encontrar-se com Getúlio Vargas, em São Borja, chocou-se com uma colina. Ernesto Dornelles, avô do senador Francisco Dornelles, substituiu-o e foi eleito.

Em 1982, Clériston de Andrade, favorito ao governo da Bahia, morreu em queda de helicóptero. Era o nome de Antonio Carlos Magalhães. Foi substituído por João Durval, eleito em campanha de apenas 45 dias.

Em 2010, Marina teve seu melhor desempenho no Rio, com 2,76 milhões de votos (31,5% do Estado). Pode ser o trampolim de que precisa para superar o drama e tornar-se candidata viável para ir ao 2º turno.


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