Folha de S. Paulo


Seminário foi último encontro amigável entre Campos e Aécio

Aliados de Aécio Neves (PSDB) apostam que o seminário de que o senador participou com Eduardo Campos (PSB) no encontro de empresários, na Bahia, na última sexta-feira, foi o último debate político amigável da dupla nessa campanha presidencial.

Para tucanos e pessebistas, a queda mais acentuada de Dilma Rousseff nas pesquisas deve precipitar o fim do pacto de não agressão. A divergência explicitada por Campos ontem foi vista como um capítulo da nova fase.

Clinch Dirigentes do PSDB já aconselham Aécio a se preparar para um duro embate na luta por uma vaga no segundo turno. "Duro, mas com foco nas propostas, sempre acima da linha da cintura", esclarece um tucano.

Teoria Grandes empresários têm ficado com os olhos brilhando com a promessa de Aécio de apresentar um projeto de reforma tributária no primeiro semestre de 2015, caso eleito, mas já começaram a exigir garantias políticas da proposta, considerada de difícil execução.

Prática Em encontro reservado durante a semana, dirigentes indagaram ao tucano e a Arminio Fraga como se daria, nos bastidores, a negociação com o Congresso de mudança prometida. Estavam lá representantes da Camargo Corrêa, do Itaú, da Usiminas, da BRF e da Suzano.

Em tempo Todos se animaram com a proposta de Aécio de acabar com a reeleição.

Laços... Campos foi aplaudido por empresários quando voltou a dizer, em palestra na Bahia, que pretendia mandar certos grupos para a oposição. Aliados notaram, no entanto, que o deputado Sarney Filho (PV-MA) fingiu não ter escutado.

... de família Mais tarde, Sarney Filho cruzou Campos e, bem-humorado, cumprimentou o presidenciável. Há uma semana, o pessebista disse que José Sarney (PMDB-AL) não participará de seu governo, se for eleito.

Juntos Coberto de afagos do Planalto por ter elogiado Dilma na visita da presidente a Pernambuco, o governador João Lyra Neto (PSB) marca posição: "Podem tentar criar intrigas. Não existe a menor possibilidade de eu não fazer campanha para Eduardo".

Alto forno O ano eleitoral fez renascer a irritação de Dilma Rousseff com Benjamin Steinbruch, da CSN, responsável pelas obras da ferrovia Transnordestina. Ciente de que será cobrada na campanha pelo atraso e pelos custos da construção, a petista fez duras críticas ao empresário em conversas com governadores da região.

Foco Logo depois de ter sido confirmada como candidata à reeleição, Dilma aproveitou a viagem de São Paulo a Brasília para tocar outro projeto a que tem se dedicado: completar o álbum de figurinhas da Copa para o neto, Gabriel. Trocou alguns cromos com o brigadeiro que comanda o avião presidencial.

Pra frente Brasil A 40 dias do início do Mundial, dirigentes e funcionários da CBF passaram a receber assédio direto de autoridades por convites para assistir a partidas do torneio. Há relatos de pedidos vindos até de gabinetes de ministros do STF.

No swing A cantora Daniela Mercury aproveitou a presença de parlamentares no 13º Fórum de Comandatuba, no fim de semana, para fazer lobby por uma proposta que reduz a tributação sobre shows feitos por artistas brasileiros no exterior.

RDC A equipe que formula as propostas da área de cultura do programa de Eduardo Campos e Marina Silva terá como uma das bandeiras a exclusão de contratações artísticas da lei de licitações.

com BRUNO BOGHOSSIAN e PAULO GAMA

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TIROTEIO

"Não podemos alimentar o falso debate, que resvala no terrorismo eleitoral, de que forças políticas vão suspender esse direito."

DE EDUARDO CAMPOS (PSB), pré-candidato à Presidência, sobre o Bolsa Família e a defesa de que reajustes do programa tenham regras definidas.

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CONTRAPONTO

Pescoço à brasileira

Quando George W. Bush visitou o Brasil em 2005, o serviço secreto americano o cercou de cuidados, inclusive com alimentos. Ainda assim, ele foi a um churrasco na Granja do Torto, a convite de Lula, no momento em que o Brasil havia descoberto mais de 20 focos de febre aftosa.

Ao ver que a comitiva demonstrara preocupação com as carnes que passavam pela mesa do almoço, um auxiliar perguntou a Lula se Bush não havia acreditado que a comida estava livre de contaminações. Lula rebateu:

–Acreditaram. Os seguranças estão é morrendo de medo desses espetos passando do lado do pescoço do Bush!


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