Folha de S. Paulo


Marcello Serpa

Ele é o mais premiado publicitário brasileiro da atualidade. E o terceiro mais premiado do mundo neste ano. Mas a importância de Marcello Serpa e a minha admiração por ele não estão apenas no que o publicitário faz mas também nas coisas que ele não faz. Serpa não é promiscuo com o valor do seu trabalho e jamais aceita trabalhar de forma aviltante.

Como aconteceu recentemente com um cliente que queria pagar valores abaixo do mercado e a quem Marcello Serpa mandou passear. Ao dizer um sonoro não a esse cliente, Marcello Serpa se firma como orgulho do mercado e nosso herói.

Serpa, sócio e comandante da AlmapBBDO, representa uma classe de grandes publicitários brasileiros, como Fabio Fernandes, Júlio Ribeiro, Sérgio Gordilho, Celso Loducca, Alexandre Gama, entre muitos outros, que, ao fazer trabalho de valor e cobrar por ele, fazem o mercado brasileiro ser um dos três melhores do mundo e o melhor entre os Brics.

Os publicitários brasileiros são tão criativos que, assim como os jogadores de futebol, nossos craques da publicidade estão espalhados pelo mundo exercendo seus talentos, como André Laurentino, principal nome de criação da TBWA em Londres, Miguel Bemfica, diretor-global de criação da McCann em Londres, e Gustavo de Mello, VP de estratégia global da DDB em Chicago.

PJ Pereira, meu sócio na Pereira & O'Dell em San Francisco, na Califórnia, está fazendo da sua agência um fenômeno da publicidade mundial. O novo "golden boy" da publicidade americana é carioca, torce pelo Flamengo e acaba de lançar um romance, em português, sobre o candomblé. Seus comerciais para Intel e Skype são hiperpremiados
e memoráveis. O da Skype foi eleito pela revista "Time" um dos melhores de 2013. PJ ganhou nada menos que três Grand Prix em Cannes neste ano. Coisa que eu nunca vi na minha vida.

A publicidade é fundamental na transformação de uma commodity em produto de valor agregado. Foi ela quem fez uma palha de aço se tornar Bombril e uma boa geladeira ser uma Brastemp.

O publicitário sabe melhor do que qualquer outro profissional estabelecer as pontes entre um produto e seus consumidores. Ele concentra todo o conhecimento do produto, da marca, do mercado, das mídias, do público e da relação entre eles para proporcionar as melhores oportunidades de negócios para as empresas prosperarem.

A propaganda brasileira tem dado provas de sua eficiência ao longo de varias gerações, ao estabelecer marcas e mercados para produtos que movimentam nossa economia, criam empregos e geram riqueza.

Agora, com Copa do Mundo e Olimpíada no horizonte próximo, teremos os olhos, os ouvidos, os corações e as mentes do planeta focados no nosso país -uma oportunidade de ouro, prata e bronze para avançarmos de forma decisiva na construção da marca Brasil e das marcas do Brasil.

E as marcas têm enorme valor econômico.

Pela pesquisa da Interbrand, a marca do Itaú vale R$ 19,3 bilhões; a do Bradesco, R$ 14,1 bilhões; a da Skol, R$ 9,3 bilhões; a da Brahma, R$ 7,2 bilhões. Esses valores não são obviamente gerados só pela propaganda, mas a propaganda tem um peso decisivo na criação desses valores.

A Inglaterra, que considero uma das duas melhores propagandas do mundo, reconhece institucionalmente o valor da contribuição da propaganda ao dar o título de sir a sir Martin Sorrell, o grande financista que montou a WPP, o segundo maior conglomerado de serviços de marketing do mundo, e a sir John Hegarty, o maior criativo inglês de todos os tempos e um sujeito esplêndido (como diriam os ingleses).

Marcello Serpa deveria ser sir pelo que faz pelas marcas brasileiras e pelo Brasil nos prêmios institucionais. Porque para nós, seus colegas, ele já é sir e tem todo o respeito e toda a admiração.

Afinal, ao valorizar o seu trabalho e estabelecer preço digno por ele, Marcello Serpa dá tom ao mercado e valor ao trabalho seu e de todos nós.


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