Folha de S. Paulo


Irma enfraquece na Flórida e frustra busca pelo 'sensacional' na cobertura

Final da tarde de domingo, o "Miami Herald" trazia na manchete: "Aguente, Miami, o pior do Irma está perto de acabar". Ao lado, outra chamada salientava a queda de dois guindastes de construção. No site "HuffPost", a atenção era para a promessa do zoológico de Orlando, de que seus 2.000 jacarés estavam seguros e não fugiriam.

Sites nacionais, começando por "Washington Post" e "Drudge Report", já destacavam à noite que o furacão não passava de categoria 2.

Foi o fim de uma semana em que o furacão, projetado como 5, a categoria máxima, era descrito como "monstro", "histórico" e "mortal", segundo o site de crítica de mídia "Poynter", lamentando a busca pelo "sensacional".

No domingo, os enviados de CNN e outros canais se expunham ao furacão, ao mesmo tempo em que diziam à audiência para buscar abrigo, e acabaram questionados em mídia social, com repercussão crítica no "New York Times".

Um caso foi exemplar. "A Flórida é conhecida por notícias estúpidas", citou o "Poynter", que fica na Flórida, "mas um novo nível foi estabelecido por aquela que levou um xerife a avisar às pessoas para não atirar".

Era referência ao noticiário sobre um evento de Facebook, convidando usuários a dar tiros no furacão às 10h de domingo. Perto de 30.000 confirmaram, daí o tuíte assustado do xerife : "Não atire. Você não irá fazer o Irma girar, mas isso terá efeitos colaterais muito perigosos".

Reprodução
Imagem compartilhada na Flórida, para evento que viralizou via Facebook, ensinava a atirar no furacão sem a bala voltar e atingir o atirador

NO TEXAS

O "Houston Chronicle" noticiou que os texanos, atingidos uma semana antes pelo Harvey, estavam "preocupados que a atenção" da ajuda do governo americano se voltasse para a Flórida, se esquecendo deles.

E NO MÉXICO

Em Oaxaca e Chiapas, na manchete de jornais mexicanos como "La Jornada", "Sobe para 90 o número de mortos pelo terremoto", o maior em cem anos.

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'BOA NOTÍCIA'

No título do "Financial Times" sobre a prisão de Joesley Batista, com foto no alto da home page, "Empresário que acusou Temer é preso". No texto, os correspondentes descrevem como uma "boa notícia para Mr. Temer".

'CINEMATOGRÁFICO'

Abrindo o relato do "Washington Post" sobre as malas de dinheiro atribuídas a Geddel Vieira Lima, "foi o momento mais cinematográfico do drama político brasileiro". Lembrando sua participação nos protestos de 2015, a correspondente anota que o ex-ministro "serviu como principal intermediário de Temer com o Congresso".


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