Folha de S. Paulo


A quatro dias da eleição, embolados, May e Corbyn não param campanha

Embora os maiores partidos tenham anunciado a suspensão das campanhas, diante dos ataques de sábado em Londres, a primeira-ministra conservadora e o opositor trabalhista atravessaram o domingo em campanha aberta, ao menos pela cobertura. A eleição é na próxima quinta.

Theresa May saiu na frente, com pronunciamento cobrando o fim da "tolerância" com o extremismo, em destaque pela televisão e pelos principais jornais, "Times", "Telegraph" e "Guardian" —este de centro-esquerda, mas contrário ao novo líder trabalhista.

Jeremy Corbyn respondeu com pronunciamento questionando o corte de 20 mil policiais por May, crítica que foi parar na manchete digital do "Independent" e ganhou atenção do "Mail", o jornal britânico de maior audiência on-line.

Segundo pesquisa na edição de domingo do mesmo "Mail", tabloide que na verdade se opõe a Corbyn, o trabalhista está a um passo de passar a conservadora: a vantagem de May, que chegou a somar o dobro das intenções, teria caído para um ponto.

ALIADOS

Há pouco mais de uma semana, Jeremy Corbyn se arriscou eleitoralmente ao relacionar o ataque de Manchester às intervenções militares do próprio Reino Unido no Oriente Médio, em países como a Líbia.

Como continuou crescendo, ele voltou à carga no domingo, via discurso e Twitter, dizendo que Arábia Saudita e outros aliados britânicos "financiam e estimulam ideologia extremista".

CORBYN & BRASIL

A ascensão do candidato trabalhista acordou a comunidade latino-americana em Londres, que passou a saudar pela internet a proximidade —como o fato de ser casado com uma mexicana e, antes, ter tido três filhos com uma chilena, refugiada da ditadura de Augusto Pinochet.

Corbyn, em encontro com brasileiros em 2016 na capital inglesa, teria relatado uma longa viagem em 1969 por todo o Brasil, inclusive a participação em manifestações contra a ditadura, em São Paulo.

CAMBALEANTE, NÃO

A manchete impressa do "New York Times" de domingo, que descreveu o Reino Unido como "uma nação cambaleante" depois dos novos ataques, causou revolta entre os britânicos.

Robert Harris e J.K Rowling, entre outros escritores, puxaram a fila das críticas ao jornal americano, que desapareceu com a expressão de seu noticiário digital, ao longo do domingo.

TRUMP TUÍTA

A cobertura americana carregou nas tintas mais do que o britânica, como admitiram analistas de mídia do país, e não demorou para se voltar ao tema de costume: Donald Trump tuitou contra o prefeito de Londres, que é muçulmano, e tomou o foco de atenção nos EUA.

O "Times" de Londres anotou que, no Reino Unido, o "ordinário" Trump conseguiu ofender tanto conservadores quanto trabalhistas.

Reprodução/ 'Telegraph'
No londrino 'Telegraph', bomba jogada sobre a Síria com mensagem pelo ataque em Mancheter

'VINGANÇAS'

A foto acima, de uma bomba com a mensagem "com amor, de Manchester", que teria sido lançada pela força áerea britânica contra o Estado Islâmico na Síria, pode ter levado a novos ataques, diz o "Telegraph", citando perfis extremistas de mídia social.


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