Folha de S. Paulo


Ex-ministro, Macron se torna o nome 'oficial' do establishment na França

Nas manchetes digitais francesas, atualizadas em tempo real no domingo, Emmanuel Macron, se já não era, virou o candidato do establishment.

O jornal "Le Monde", na centro-esquerda, destacou que o ex-ministro da economia recebeu o apoio dos candidatos dos partidos tradicionais, Fillon e Hamon. O "Le Figaro", na centro-direita, destacou que Fillon —o terceiro colocado e preferido do jornal— defendeu votar em Macron "contra *Marine Le Pen". O "Libération", mais à esquerda, embora seja hoje do mesmo grupo do "Figaro", também se concentrou nos apoios.

Também o canal internacional de notícias France 24, que é estatal. A Agence France-Presse, igualmente estatal, despachou que "Macron é favorito contra Le Pen no segundo turno", dados os apoios que recebeu —embora "com a exceção notável de Mélenchon", o quarto colocado, da extrema-esquerda.

A mesma AFP acrescentou por fim que o impopular presidente François Hollande resolveu apoiar o ex-ministro "oficialmente".

Reprodução/'The Wall Street Journal'
O jornal 'Le Canard Enchaîné' numa banca de Paris, em fevereiro de 2017

PATO ACORRENTADO

Do "Wall Street Journal" ao "El País", a cobertura externa sublinhou que a revelação que mudou a eleição foi de um jornal que nem tem presença on-line. Foi o "Le Canard Enchaîné" (acima, em banca de Paris) que reportou há três meses que Fillon, até então favorito, havia empregado e pago com dinheiro público a própria mulher. "Nós investigamos, como fazemos há um século, um político que estava bradando honestidade ", explicou o jornal.

'LA CASTE'

Da revista francesa "Le Point" ao inglês "The Guardian", procura-se entender o que tornou Le Pen viável. No título da primeira, "Como Le Pen se tornou Marine", como diluiu sua origem fascista. Para o segundo, ela fez caminho semelhante ao de Donald Trump, antagonizando o que chama de "sistema político-midiático" —ou, para simplificar, "la caste", a casta.

DESBARATADA

A Bloomberg reporta que na Alemanha a extrema-direita foi "desbaratada, desafiando a tendência Trump ", de vitórias ultranacionalistas. Frauke Petry, a líder da Alternativa para a Alemanha, chegou a se encontrar com Marine Le Pen, prenunciando uma tomada da Europa pelo grupo, mas as pesquisas indicam que o sonho minguou —e ela nem será candidata.

A MAIS FORTE

Trump, pelo Twitter e em entrevista à Associated Press, mal disfarçou a torcida por Le Pen. Em suma, defendeu que o ataque em Paris favoreceria a candidata "porque ela é a mais forte em relação às fronteiras ", como ele em relação ao México, "a mais forte em relação ao que acontece na França".

*

Reprodução
Na 'New Yorker', crítica vê ligação entre os EUA de Trump e a série brasileira '3%

MERITOCRACIA

A "New Yorker" fez "binge-watching" com a série "3%", na Netflix, que "se parece inicialmente com as distopias adolescentes" do cinema. "Mas, no correr dos episódios, ela se prova mais sombria e ressoa de maneiras desconfortáveis o presente na América", diz a crítica, intitulada "Um thriller brasileiro que expõe o lado sinistro da meritocracia" (acima).


Endereço da página: