Folha de S. Paulo


Trump elogia a própria performance, mídia pergunta se ele enlouqueceu

Em meio à avalanche de críticas à sua entrevista coletiva, Donald Trump tratou de achar alguém que elogiou, um radialista ultraconservador: "Limbaugh disse que foi uma das melhores da história".

E acrescentou com ironia infantil: "A mídia 'fake' não está feliz!".

O comentário original de Rush Limbaugh: "Sabe, é difícil dizer, você é levado pelo momento, mas esta foi uma das entrevistas coletivas mais efetivas que eu já vi. Quando eu digo 'efetiva', estou falando de reagrupar, para continuar com ele, as pessoas que votaram nele".

Referência da extrema-direita americana, Limbaugh acrescentou que "a imprensa vai odiá-lo ainda mais depois disso".

O âncora pró-Trump Sean Hannity, da Fox News, foi pela mesma linha, dizendo que a coletiva foi "uma derrubada histórica da mídia esquerdista".

Mas na própria Fox News Shepard Smith se revoltou:

— É uma loucura o que estamos assistindo todos os dias. É absolutamente maluco. Ele fica repetindo frases ridículas, que não são verdadeiras de maneira nenhuma, e evitando a questão da Rússia como se fôssemos bobos por perguntar. [Olhando para a câmera:] A sua oposição foi hackeada, os russos foram responsáveis e a sua equipe estava falando ao telefone com a Rússia no mesmo dia... E nós somos bobos por perguntar? Você deve a resposta ao povo americano.

Como esperado, Shep passou a sofrer ataques on-line, pedindo sua cabeça.

fallon

Jimmy Fallon, abrindo o programa "The Tonight Show" na NBC:

— Antes de mais nada, vocês são todos "fake news" [notícia ou noticiário falso]. Eu odeio muito todos vocês. Obrigado por estarem aqui. Primeira pergunta? Não. Próximo."

O "New York Times", que acaba de lançar uma coluna diária sobre os "talk shows", faz um relato completo das piadas sobre a coletiva.

Matthieu Bourel
coluna Toda Mídia. Já podemos chamar o Trump de doente mental?

O âncora da BBC Evan Davis perguntou no ar, logo depois da coletiva: "O presidente americano está à beira de um ataque de nervos?".

Duas colunas do "NYT" tratam do assunto na edição desta sexta. Referência dos republicanos moderados, David Brooks abriu o texto dizendo que, "a julgar por sua coletiva, o estado mental de Trump é como um trem que há muito tempo perdeu o controle".

Citando a peça e depois filme "The Madness of King George", compara-o ao rei inglês que apresentava sinais de loucura no cargo. A comparação havia sido feita antes pelo ex-blogueiro Andrew Sullivan, na "New York", alertando que "no coração do governo do país mais poderoso da Terra existe um louco".

O outro texto do "NYT", na home com a ilustração acima, é do psiquiatra Richard Friedman, que cita profissionais de saúde que andaram "questionando a sanidade mental" de Trump e sugere parar, por não ser possível diagnosticar superficialmente.

— Além disso, um transtorno mental pode dizer pouco sobre a aptidão para servir como presidente. Afinal, Lincoln tinha depressão profunda. Theodore Roosevelt era bipolar. Ulysses S. Grant era alcoólatra. Dezoito dos primeiros 37 presidentes sofreram de distúrbio psiquiátrico: 24% de depressão, 8% de ansiedade, 8% de transtorno bipolar e 8% de dependência ou abuso de álcool.


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