Folha de S. Paulo


Ainda somos um só?

Nos intervalos do sorteio da Copa, na sexta, a Rede Globo estreou novo bordão: "Somos um só". Segundo o "Meio & Mensagem", "a proposta é mostrar como tem o poder de colocar um país inteiro sintonizado na mesma vibração".

Mas foi no final de uma semana em que sua audiência bateu recordes negativos, inclusive telenovelas e telejornais. Inclusive o "Jornal Nacional", que ficou abaixo de 20 pontos, só se recuperando quando o Ibope "consolidou" os números.

Foi também o final de uma semana em que a direção da Globo fechou o orçamento da rede para 2014, ano de eleição presidencial, "com cortes". Vale também para a Globosat, que produz Globo News e outros canais pagos.

Na mesma sexta, a presidente e candidata à reeleição Dilma Rousseff conversou via Twitter com o jogador Neymar e o ex-jogador Ronaldo. Segundo o Radar, "o papo atingiu 27 milhões de pessoas, um número impressionante".

Foi o ápice da estratégia que lançou logo após sua popularidade cair 27 pontos, com os protestos de junho. O objetivo é, desde então, "se comunicar sem intermediários", pelas redes sociais, que haviam mobilizado as manifestações.

Ela voltou ao Twitter em setembro, com o golpe publicitário da conversa com Dilma Bolada, e em novembro estreou fan page no Facebook. Está também no Instagram, para não falar de Blog do Planalto, Café com a Presidenta etc.

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Ajudada ou não pela comunicação "sem intermediários", Dilma aos poucos recupera popularidade. O Datafolha divulgado no início do mês deixou "claro que a trajetória da curva de aprovação é mesmo gradual e ascendente".

E foi num período "não propriamente favorável em termos midiáticos, como sublinhou Ricardo Melo, com "as prisões do mensalão, o aumento astronômico do IPTU em São Paulo [e] a metralhadora giratória dos 'analistas econômicos'".

Dias depois do Datafolha, o relator do mensalão, ministro Joaquim Barbosa, anunciou via "Veja" que não será "candidato a nada em 2014. Repetindo: a nada". Nem a presidente, nem a vice, nem mesmo a governador do Rio. "Nada."

Sem ele, sobram Aécio Neves e Eduardo Campos. Mas eles estão caindo, segundo o Datafolha, "pela ineficiência na formulação de um discurso adequado às demandas dos brasileiros, especialmente junto aos estratos mais carentes".

Aproximam-se assim, aos poucos, do vaticínio do marqueteiro João Santana à revista "Época", dois meses atrás: "Ocorrerá uma antropofagia de anões. Eles vão se comer, lá embaixo, e Dilma, sobranceira, vai planar no Olimpo".

Daí Marina Silva afirmar que em 2014 "as mobilizações de junho vão ressurgir colocando as coisas no seu devido termo". Daí também os líderes de "movimentos sociais" que agora "percorrem o Congresso em busca de apoio político e logístico" para junho.


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