Folha de S. Paulo


"New York Times" tenta outra vez, mundo afora

Já está no ar e nas bancas, inclusive do Brasil, o "International New York Times", que entra no lugar do "International Herald Tribune" e, mais importante, no lugar da estratégia global anterior do "NYT". Sob o enunciado "Um 'Times' mais enxuto visa crescimento global, o jornal observa, lá pelo meio do texto:

"As sensibilidades de governos estrangeiros e de seus cidadãos podem não se alinhar com a estratégia do jornal. Planos para sites em língua estrangeira, geradores de recursos, tiveram início acidentado. Um site em chinês iniciado em 2012 foi bloqueado pelo governo chinês pouco depois de começar. Um site em português planejado para o Brasil, anunciado um ano atrás, nunca saiu do chão."

Um ano atrás, o dono do "NYT", Arthur Sulzberger Jr., falou à Folha que o site em português estava programado para a segunda metade de 2013. Mas também respondeu saber das exigências legais para propriedade de jornal (70% de capital brasileiro) e que estava buscando entender "o que isso significa e como atingir o objetivo de maneira [legal]".

Então recém-contratado por Sulzberger como presidente-executivo da NYT Co., Mark Thompson chegou com outros planos, a começar da unificação da marca internacional, com a troca do "IHT", título mantido pelo jornal no exterior, por "NYT". E o projeto do site em português aos poucos foi deixado de lado.

Como o site em chinês continua sem acesso na China continental --e, portanto, sem a publicidade da segunda economia do mundo-- o jornal trata de abrir novas frentes. Para a campanha de lançamento do "INYT", programou eventos em Paris, Tel Aviv, Hong Kong, Tóquio, Cingapura e Dubai. Nada de Pequim e Xangai, Nova Délhi e Mumbai, São Paulo e Rio.

"Se pudermos alcançar a combinação da estratégia internacional e dos novos produtos para elevar significativamente a receita, isso pode ser de significado real", declarou Thompson. Por novos produtos, refere-se sobretudo à expansão na área de vídeos, com foco voltado à publicidade em aparelhos móveis.

Vale registrar outro trecho do texto do jornal: "A empresa ainda depende da edição impressa para a vasta maioria da receita. Segundo o relatório do segundo trimestre, a publicidade impressa gerou 75% da receita publicitária total. No lado da circulação, os assinantes da edição impressa geraram 84% da receita". Ou seja, ainda é o papel que banca.

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Na direção contrária, o BuzzFeed --o fenômeno on-line que o próprio "NYT" tenta emular em publicidade-- lança na próxima sexta a sua versão em português. As célebres listas do site serão vertidas através de exercícios a serem feitos pelos usuários do Duolingo, o aplicativo "de graça" para aprendizado de línguas.

O "Wall Street Journal" descreve o esquema como "meio maluco" e "descarado", por não pagar pelo serviço. Será usado também para versões em francês e espanhol do BuzzFeed. O site brasileiro será lançado por Ben Smith, editor-chefe do BuzzFeed, durante o youPIX Rio _evento do qual também devo participar, no sábado.

Reprodução
Capas do
Capas do "NYT" e do "INYT" de hoje, com distribuição e destaques semelhantes

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