Folha de S. Paulo


Obama não é diferente de Richard Nixon

O relatório do Comitê para Proteção de Jornalistas assinado por Leonard Downie Jr., o editor do "Washington Post" até cinco anos atrás, não economiza nos ataques ao governo americano --e na defesa de Edward Snowden, Chelsea Manning e outros informantes hoje perseguidos.

"A guerra do governo aos vazamentos e outros esforços para controlar as informações são os mais agressivos que eu vi desde a administração Richard Nixon, quando era um dos editores envolvidos na investigação do caso Watergate", escreve Downie.

É o primeiro estudo sobre os próprios Estados Unidos lançado pela organização americana. Ela foi criada há mais de três décadas por correspondentes dos EUA no exterior para questionar governos que cerceavam seu trabalho, como Barack Obama faz agora.

A conclusão geral do relatório, que pode ser lido na versão oficial em português, é que "os agressivos processos judiciais de informantes de material classificado e uma vigilância eletrônica generalizada estão dissuadindo as fontes governamentais de falar com os jornalistas".

O esforço é para calar a cobertura, com vítimas como os citados Snowden e Manning e os não citados Glenn Greenwald e Julian Assange. Não chega a ser novidade, a não ser pelo fato de que indica uma reação institucional, afinal, do jornalismo americano.

Outros relatórios de caráter institucional têm aparecido, como "Os efeitos da vigilância em massa sobre o jornalismo", divulgado também hoje pelo Tow Center, que é voltado ao jornalismo digital e faz parte da centenária faculdade de jornalismo de Columbia, em Nova York.

Ecoou por Associated Press, a maior agência de notícias dos EUA, pelo "Washington Post", Huffington Post. Mundo afora, pelo britânico "Guardian" , pelo canal qatari Al Jazeera, pelo canal Russia Today. Mas nada até agora no "New York Times".


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