Folha de S. Paulo


O plebiscito de Dilma

No provável segundo turno, o Brasil não vai exatamente decidir entre dois candidatos. Vai, na verdade, dizer se é contra ou a favor à presença de Dilma Rousseff no poder.

Trata-se de uma disputa mais parecida com plebiscito do que com eleição. Será assim, na base do "sim" ou "não".

Os estrategistas do PT sabem disso e tentam, a todo custo, reduzir a rejeição da presidente da República.

Dilma até tem avançado nas sondagens eleitorais, mesmo que lentamente. Mas se não conseguir melhorar seu desempenho em São Paulo, cresce a chance de levar um "não" majoritário neste plebiscito mascarado de eleição.

Quem diz são alguns de seus auxiliares e aliados do partido.

Apesar do diagnóstico de um grupo, já tem gente no PT querendo subir no salto. Bastou a presidente escalar alguns potinhos percentuais que alguns de seus correligionários passaram a cantar vitória.

Como repórter de política, nunca acompanhei uma corrida tão maluca quanto esta. Por isso é prudente segurar a ansiedade e evitar movimentos assim.

Um dado recente extraído de uma pesquisa interna feita pelo PT recomenda cuidado. Em São Paulo, a sondagem mostra os eleitores ainda incomodadíssimos com um gesto do ano passado: o punho cerrado levado ao ar por José Genoíno e José Dirceu ao chegar na cadeia. Somado ao pessimismo com a economia, o levantamento mostra que, antes de prever vitória, é preciso disputar a eleição. Eleição, não, plebiscito.


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