Folha de S. Paulo


'Volta, Lula'

Voltando de Recife na segunda-feira (18), avião abarrotado de políticos que retornavam para a capital federal após o velório de Eduardo Campos, só se falava no cenário eleitoral resultante da trágica morte do pernambucano.

Na fila de embarque, um senador oposicionista inicia a conversa. "Lula é esperto, não sei se vai querer voltar."

Eis que um conhecido amigo do ex-presidente da República completa: "Rapaz, ele vai adorar ser lembrado, mas é sabido. Não aceitará a oferta." Por trás da frase está a avaliação de que, com o cenário eleitoral embolado como está, só um imprudente tomaria uma decisão de substituir Dilma agora.

Meses atrás, em um diálogo reservado, um petista foi direto ao ponto: "Lula, se você quiser voltar, tem que ser agora. No máximo, quando a Copa acabar. Se for depois, perde a hora". Lula fez um "não" com a cabeça, sem dizer mais nada. Agora, com a entrada de Marina no jogo, talvez fosse mais contundente.

Um dado ajuda a ilustrar como uma decisão assim seria difícil de tomar. Enquanto o Datafolha mostrou a ex-senadora em um numérico segundo lugar nas intenções de voto, pesquisa interna do PT indicou vantagem ainda maior para ex-ministra, mostrando que a tendência, por ora, é de crescimento da ambientalista.

O ex-presidente gosta de disputa, mas detesta bola dividida. Como disse o amigo, ele adora ser lembrado pelo movimento "volta, Lula", mas para por aí. Não é por falta de vontade. É por puro pragmatismo mesmo.


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